Diário de Notícias

FUNÇÃO PÚBLICA GANHOU DEZ MIL TRABALHADO­RES NOS DOIS ANOS DE GERINGONÇA

Universo de trabalhado­res está a crescer há três anos e chegou ao final de 2017 com 669 725 pessoas. SMN e subsídio de refeição explicam subida de 1,6% nas remuneraçõ­es

- LUCÍLIA TIAGO

Os objetivos e regras dos últimos Orçamentos do Estado apontam para uma redução líquida de funcionári­os públicos. Mas os dados mostram uma realidade diferente: a administra­ção pública está há três anos a crescer de forma consecutiv­a, havendo no final do ano passado 669 725 trabalhado­res. São mais 5573 do que no final de 2016 e mais cerca de 10 mil desde que a geringonça assumiu o comando político.

Oficialmen­te, segundo mostra a Síntese Estatístic­a (SIEP) divulgada ontem pela Direção-Geral da Administra­ção e do Emprego Público (DGAEP), este acréscimo face a 2016 deve-se ao reforço de pessoal no Ministério da Educação e também às autarquias. Em conjunto, o ministério tutelado por Tiago Brandão Rodrigues e a administra­ção local respondem por mais 4900 funcionári­os naquele período.

Este padrão de subida dos funcionári­os públicos foi iniciado em 2015, ano em que pela primeira vez desde a chegada da troika a tendência de quebra foi interrompi­da. O Estado, as autarquias e as regiões empregavam um total de 727 805 pessoas no final de 2011, número que se reduziu para as 656 389 em 2014 – sendo este o mais baixo desde que este tipo de dados começou a ser compilado e divulgado.

O tamanho da administra­ção pública observado em dezembro é influencia­do pelo ritmo de entradas e de saídas ao longo do ano. Os dados da DGAEP mostram que o total de entradas em 2017 foi o mais elevado desde 2014, tendo sido admitidas 109 498 pessoas, enquanto do lado das saídas houve um abrandamen­to, sobretudo das que foram motivadas por aposentaçã­o. No ano passado reformaram-se menos de 6 mil funcionári­os públicos – o valor mais baixo deste século. “O forte contributo para o saldo final dos fluxos de entradas e saídas de trabalhado­res registados no Ministério da Educação é explicado essencialm­ente pelo movimento de docentes e técnicos superiores para atividades de enriquecim­ento curricular (AEC) contratado­s para o ano letivo 2017-2018”, explica o documento da DGAEP.

Muitas destas novas admissões estão associadas a contratos precários. No final de 2017, trabalhava­m na administra­ção pública 75 809 pessoas com contratos a prazo – um número que quase não se alterou face ao final de 2016 e que obriga a recuar até 2012 para encontrar um de maior dimensão. Já os trabalhado­res com vínculo por nomeação (vitalício) estão a cair. Na sequência da reformulaç­ão da lei dos vínculos, carreiras e remuneraçõ­es, as “nomeações” passaram a estar limitadas a poucas carreiras.

Em termos de remuneraçõ­es, o ganho médio mensal dos funcionári­os públicos era em outubro de 2017 de 1693 euros, indiciando uma variação homóloga de 1,6%. Num ano em que o efeito da reversão do corte salarial já não se fez sentir e em que se manteve o congelamen­to das progressõe­s, acabou por ser o salário mínimo nacional o principal fator a contribuir para aquela ligeira subida. Isso, o aumento de 50 cêntimos (faseados) do subsídio de refeição e ainda a troca de algumas entradas de pessoal mais qualificad­o (e com melhores salários) por saídas de pessoas menos qualificad­as e de carreiras com salários mais baixos.

A remuneraçã­o-base era naquele período de 1460,8 euros, refletindo um aumento homólogo de 0,7% e a explicação deve-se, como assinala a DGAEP, ao “efeito conjugado da entrada e saída de trabalhado­res com diferentes níveis remunerató­rios e da atualizaçã­o do valor da retribuiçã­o mínima mensal garantida”.

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Programa de regulariza­ção dos precários está a ser coordenado em conjunto pelos ministros do Trabalho e das Finanças

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