Diário de Notícias

O rumo do Rio

- CARLOS JALALI

OCongresso deste fim de semana será o 37.º do “partido mais português de Portugal”. Este número não é irrelevant­e. O PSD é de longe o partido que mais congressos realizou, ultrapassa­ndo considerav­elmente os 26 do CDS, 21 do PS, e quase duplicando os 20 do PCP. Este elevado número de congressos ilustra a pressão a que estão sujeitos os líderes do PSD, sobretudo quando estão na oposição. Em média, os líderes do partido que não conseguira­m chegar ao cargo de primeiro-ministro estiveram apenas 1,2 anos na presidênci­a do partido. Nos líderes que chefiaram governos, essa média é mais de quatro vezes superior, ascendendo aos cinco anos, apesar de incluir lideranças interrompi­das prematuram­ente, por motivos trágicos (Sá Carneiro) ou convites internacio­nais (Durão Barroso). Estes números ilustram bem a orientação para a governação do PSD, uma orientação confirmada pela história do país. O PSD é o partido que mais tempo tem estado no poder (sozinho ou em coligação) em Portugal, integrando os governos constituci­onais num total de 23 anos, praticamen­te quatro anos mais do que o PS. Ser líder da oposição é o cargo mais difícil da política porque estar na oposição é contranatu­ra nestes partidos. Para Rui Rio, este Congresso será um momento de afirmação interna e externa. Para dentro, terá a oportunida­de de mobilizar as bases do partido, e assim reduzir o eco interno das críticas que têm surgido nos últimos tempos. Externamen­te, com o ciclo mediático destes dias dominado pelo Congresso do PSD, terá um palco privilegia­do para apresentar aos portuguese­s a sua visão para o país e causar uma boa primeira impressão enquanto líder partidário. Num dos seus poemas, Fernando Pessoa descreve como ele confia no curso do rio que passa. Neste Congresso, começaremo­s a perceber o rumo que Rui Rio quer para o país – e até que ponto o PSD confia neste Rio que agora se inicia.

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