O rumo do Rio
OCongresso deste fim de semana será o 37.º do “partido mais português de Portugal”. Este número não é irrelevante. O PSD é de longe o partido que mais congressos realizou, ultrapassando consideravelmente os 26 do CDS, 21 do PS, e quase duplicando os 20 do PCP. Este elevado número de congressos ilustra a pressão a que estão sujeitos os líderes do PSD, sobretudo quando estão na oposição. Em média, os líderes do partido que não conseguiram chegar ao cargo de primeiro-ministro estiveram apenas 1,2 anos na presidência do partido. Nos líderes que chefiaram governos, essa média é mais de quatro vezes superior, ascendendo aos cinco anos, apesar de incluir lideranças interrompidas prematuramente, por motivos trágicos (Sá Carneiro) ou convites internacionais (Durão Barroso). Estes números ilustram bem a orientação para a governação do PSD, uma orientação confirmada pela história do país. O PSD é o partido que mais tempo tem estado no poder (sozinho ou em coligação) em Portugal, integrando os governos constitucionais num total de 23 anos, praticamente quatro anos mais do que o PS. Ser líder da oposição é o cargo mais difícil da política porque estar na oposição é contranatura nestes partidos. Para Rui Rio, este Congresso será um momento de afirmação interna e externa. Para dentro, terá a oportunidade de mobilizar as bases do partido, e assim reduzir o eco interno das críticas que têm surgido nos últimos tempos. Externamente, com o ciclo mediático destes dias dominado pelo Congresso do PSD, terá um palco privilegiado para apresentar aos portugueses a sua visão para o país e causar uma boa primeira impressão enquanto líder partidário. Num dos seus poemas, Fernando Pessoa descreve como ele confia no curso do rio que passa. Neste Congresso, começaremos a perceber o rumo que Rui Rio quer para o país – e até que ponto o PSD confia neste Rio que agora se inicia.