Novo portal dos jesuítas para refletir atualidade
Ponto SJ quer fazer ponte entre esferas e grupos diferentes e distantes na sociedade
“Ponto porque pretende ser um ponto de encontro, um ponto de partida. Nunca um ponto final. E é SJ, porque é da Companhia de Jesus.” José Maria Brito é o diretor do Ponto SJ, um portal que será lançado pelos jesuítas no próximo dia 23 de fevereiro, cujo objetivo é promover o diálogo no espaço público. Do desporto à cultura e à fé, o site, que funcionará como uma “revista online”, pretende ser um espaço de reflexão sobre temas da atualidade, contando, para isso, com a colaboração de cerca de 35 cronistas.
Assumindo o seu vínculo à tradição cristã e à Companhia de Jesus, o portal quer criar um “clima temperado” onde seja possível “conversar e olhar para a realidade com largueza de horizonte e espírito crítico”. Para isso, explica o padre João Maria, convida pessoas de distintas áreas que “tragam riqueza e pluralidade de perspetivas” ao portal.
Entre os cronistas figuram nomes como Guilherme de Oliveira Martins, Joaquim de Azevedo, Clara Almeida Santos, Carla Quevedo, Jacinto Lucas Pires, Joana Rigato, Alfredo Teixeira, os padres Gonçalo Portocarrero e Nuno Amador e a irmã Irene Guia. E também jesuítas como Nuno Tovar de Lemos, Francisco Mota, Bruno Nobre ou Andreas Lind. “Tentamos ter um leque diversificado de pessoas, quer nas suas perspetivas quer nas idades ou na experiência, para que haja uma leitura diversa da realidade”, explica o responsável pelo Ponto SJ.
A “revista” será dividida em secções – Política, Educação, Justiça, Cultura e a Fé. Todos os dias serão publicados artigos de opinião e o site será também alimentado com entrevistas e reportagens. “Funcionará como revista online”, adianta José Maria Brito, acrescentando que haverá partilha de conteúdos nas redes sociais, por exemplo, e possibilidade de comentar os artigos. Serão também divulgadas as diferentes propostas feitas pelas instituições da Companhia de Jesus, sejam centros universitários, casas de espiritualidade, colégios, paróquias ou organizações de cidadania e intervenção social.
Clara Almeida Santos, que escreverá uma média de três crónicas por semestre, diz que aceitou o desafio, em primeiro lugar, porque tem “uma história pessoal de ligação com os jesuítas, que começou no Centro Universitário Manuel da Nóbrega”, que frequentou desde a adolescência. Seguiram-se outras colaborações e, portanto, ser cronista no Ponto SJ é “não só um gosto, como também uma forma de retribuir o bem recebido”.
A vice-reitora da Universidade de Coimbra considera que este “é um projeto muito interessante e ambicioso”, que se rege pela “liberdade”. Colaboradora na secção de Cultura, apresentará “uma maneira cristã de ler a cultura, seja um fenómeno cultural abstrato, um livro, um filme ou um artigo”. Para Clara Almeida, “é interessante ver como a Companhia de Jesus promove iniciativas orientadas para o mundo digital, com leveza, convidando pessoas ligadas à espiritualidade, mas que não têm uma vida religiosa”. Numa altura em que “as leituras que nos oferecem nas redes sociais são tão fragmentadas”, a criação deste portal demonstra “abertura e pode ser útil para mostrar um olhar diversificado sobre a realidade”.
O Ponto SJ é lançado na sexta-feira, no Café-Teatro da Comuna, em Lisboa, num evento que contará com dois “encontros improváveis”. A primeira conversa será entre o cronista João Miguel Tavares e o jesuíta Francisco Mota e a segunda entre a eurodeputada do Bloco, Marisa Matias, e a irmã Júlia Bacelar, que trabalha com mulheres em extrema vulnerabilidade.