Diário de Notícias

Só um em cada quatro arrenda casa

Portugal entre os países onde o peso da propriedad­e é maior, uma tradição transversa­l ao Sul da Europa

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ANA MARGARIDA PINHEIRO O preço das casas não para de subir, mas mesmo assim a compra continua a ser a grande opção dos portuguese­s. Com os juros baixos, e a torneira do crédito novamente a jorrar, procurar casa para viver é, para a maioria, em Portugal, sinónimo de comprá-la. Apenas um em cada quatro portuguese­s escolhe o arrendamen­to. E os preços mais elevados para aquisição parece não terem grande influência nas decisões: entre 2010 e 2015 a percentage­m de arrendatár­ios apenas cresceu 0,4%, mostra um estudo da RentCafé.

A compra de casa em vez de arrendar está longe de ser uma caracterís­tica apenas portuguesa. Nos países do Sul da Europa, o arrendamen­to tem fraca adesão. Em Espanha, só 21% arrendam habitação, na Grécia são 24,9% e, em Itália, a percentage­m não vai além dos 27,1%. Na Suécia e na Noruega, ser dono da casa onde se mora também é a escolha da grande maioria, mas o arrendamen­to, ainda assim, é opção de cerca de 30% da população.

“Em 29 de 30 países analisados, a maioria dos habitantes são proprietár­ios”, refere este estudo, onde a Suíça é a grande exceção: mais de metade da população vive em casa arrendada. São 56,6%, depois de um aumento de 1,8%, e de uma redução de 0,33% na população. Os preços do arrendamen­to na Suíça têm subido na ordem dos 4,5% nos últimos dez anos, enquanto os preços de venda se agravaram 24,3%.

Em Portugal, o preço do arrendamen­to aumentou 26% no ano passado, mostram dados do portal imobiliári­o Imovirtual. A maior procura de casas para arrendamen­to verificou-se em Lisboa, Porto, Sintra, Cascais e Amadora.

A culpa para o desequilíb­rio entre compra e arrendamen­to é, quer para proprietár­ios quer para arrendatár­ios, do regime do arrendamen­to, que não é suficiente­mente atrativo para que os proprietár­ios invistam em casas para arrendar. A Associação Lisbonense de Proprietár­ios já alertou para os milhares de casas vazias e fechadas que muitos proprietár­ios mantêm por não verem vantagens fiscais em fazer um contrato de arrendamen­to.

“Cascais liderou no preço médio por metro quadrado de venda e Lisboa no arrendamen­to.” Os concelhos mais caros para comprar casa foram Cascais (2410 euros por metro quadrado), Lisboa (1895 euros/m2), Espinho (1850 euros/m2), Albufeira (1747 euros/m2) e Loures (1650 euros/m2).

Já no preço médio para arrendamen­to, Lisboa ocupou o primeiro lugar, situando-se nos 14 euros por metro quadrado), seguido por Cascais (12,9 euros), Oeiras (10,4 euros), Porto (9,73 euros) e Loures (8,81 euros). Dados da APEMIP, a associação que representa as imobiliári­as, mostram que cerca de 50% dos negócios concretiza­dos se situam no intervalo de rendas entre os 300 e os 500 euros.

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