LÍDERES INDEPENDENTISTAS NAS MALHAS DA JUSTIÇA
Os autoexilados
› Carles Puigdemont é o principal rosto dos autoexilados do processo por sedição, rebelião e peculato na organização do referendo de 1 de outubro e consequente declaração unilateral de independência. Mas não é o único. Na Bélgica, junto com o ex-presidente da Generalitat, estão quatro antigos membros do seu governo: Lluís Puig (Cultura), Clara Ponsatí (Ensino), Meritxell Serret (Agricultura) e Toni Comín (Saúde). Os cinco foram eleitos a 21 de dezembro, mas três renunciaram ao cargo de deputados no Parlamento catalão para não complicar a maioria independentista. Só Puigdemont e Comín não renunciaram. Todos deixaram Espanha antes de serem ouvidos pela juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional, que esteve à frente do processo até o caso passar para o Supremo Tribunal e para o juiz Pablo Llarena. São alvo de um mandado de captura em Espanha, mas o pedido de prisão no estrangeiro foi levantado já por Llarena (que poderá reativar o mandado europeu após a acusação).
Os detidos
› Há neste momento dois líderes independentistas presos por causa do mesmo processo de Puigdemont: o líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e ex-vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, e o antigo conseller do Interior Joaquim Forn. Ambos ficaram detidos depois de serem ouvidos por Lamela, a 2 de novembro, tendo-lhes sido recusada a liberdade mediante fiança, apesar de terem admitido que a declaração unilateral de independência foi apenas simbólica. Há ainda outros dois independentistas presos, mas ao abrigo de outro processo. O ex-presidente da Assembleia Nacional Catalã e atual deputado Jordi Sánchez e o líder da Òmnium Cultural, Jordi Cuixart, estão presos desde 16 de outubro. São investigados por sedição nos protestos de 20 e 21 de setembro em frente ao gabinete de Economia, quando decorriam buscas judiciais.
Liberdade após fiança
› Os restantes membros do governo de Puigdemont também ficaram detidos após serem ouvidos pela juíza Lamela, mas Llarena deixou-os em liberdade após o pagamento de fianças. Jordi Turull (porta-voz), Raül Romeva (Exterior), Dolors Bassa (Trabalho), Meritxell Borràs (Governo e Administração Pública), Josep Rull (Território e Sustentabilidade) e Carles Mundó (Justiça) saíram em liberdade após pagarem cem mil euros, a 4 de dezembro, aguardando o desenrolar do processo em liberdade. Só Borràs e Mundó renunciaram à política, os outros foram todos eleitos deputados. Quem também pagou fiança para ficar em liberdade foram cinco membros da anterior Mesa do Parlamento, com Carme Forcadell à cabeça, que respondem na justiça por rebelião durante o processo independentista e terem autorizado a votação da Lei do Referendo e da Transitoriedade. A presidente do Parlamento passou uma noite na prisão e saiu depois de pagar 150 mil euros, após ter dito que aceitava a aplicação do artigo 155.º da Constituição e que a declaração de independência tinha sido simbólica. Os restantes membros da Mesa independentistas – Lluis Guinó, Anna Simó, Lluís Corominas e Ramona Barrufet – tiveram de pagar 25 mil euros. Joan Josep Nuet, ligado ao Podemos, saiu em liberdade. Ontem, Marta Rovira, número dois da ERC, saiu em liberdade após ser ouvida por Llarena, mas terá de pagar uma fiança de 60 mil euros. Já Marta Pascal, coordenadora-geral do Partido Democrático Europeu Catalão, não teve de pagar nada.
Quem se segue?
› Hoje é a vez de o ex-presidente da Generalitat Artur Mas ser ouvido pelo juiz do Supremo Tribunal, para explicar o seu envolvimento no processo independentista. Será também ouvida a antiga presidente da Associação de Municípios Independentistas Neus Lloveras. Anna Gabriel, ex-deputada e antiga porta-voz da Candidatura de Unidade Popular, foi chamada a declarar diante de Pablo Llarena na quarta-feira. Mas viajou para a Suíça, onde se encontrou com um advogado, e não se sabe se optará por seguir o exemplo de Puigdemont e não regressar. S.S.