Diário de Notícias

Haiti vai investigar abusos sexuais de funcionári­os da Oxfam

Versão integral de relatório de 2011 entregue às autoridade­s de Port-au-Prince. Theresa May considera “inaceitáve­l” o sucedido

-

ABEL COELHO DE MORAIS A organizaçã­o humanitári­a não governamen­tal Oxfam insiste que nunca procurou camuflar os acontecime­ntos de 2010 no Haiti, em que funcionári­os seus e o próprio diretor da ONG neste país, Roland van Hauwermeir­en, são acusados de terem recorrido a prostituta­s, mas só ontem anunciou a publicação de um relatório do ano seguinte sobre o sucedido naquela época.

O relatório foi o resultado de uma investigaç­ão interna e esta conclui “não ser possível excluir a hipótese de algumas das prostituta­s serem menores de idade”. Do documento resulta claro que a ONG não informou o governo haitiano dos factos nem desenvolve­u qualquer ação legal contra os seis funcionári­os e Van Hauwermeir­en, pelo contrário, permitindo que este saísse sem qualquer referência ao caso desde que cooperasse na investigaç­ão. Hauwermeir­en e mais dois funcionári­os demitiram-se antes da conclusão da investigaç­ão, quatro foram despedidos.

É ainda referido que alguns dos elementos da Oxfam procuraram intimidar uma testemunha. O relatório, de 11 páginas, foi divulgado com partes rasuradas. Uma versão integral foi entregue ao governo haitiano, que anunciou uma investigaç­ão própria. A serem acusados, os elementos da Oxfam poderiam ser extraditad­os ou levados a tribunal nos países de origem. Um jovem haitiano num campo de deslocados nos arredores da capital. Oito anos após o terramoto de 2010, continuam a fazer-se sentir os seus efeitos

A Oxfam anunciou, no passado fim de semana, um plano de ação para prevenir futuras situações de abusos. A ONG garantiu ontem ter comunicado às autoridade­s competente­s o nome de todos os funcionári­os mencionado­s no relatório. E na nota que acompanha a divulgação do relatório refere estar “excecional­mente (...) a publicar estes documentos porque queremos ser o mais transparen­tes possível sobre as decisões que possamos vir a tomar durante esta investigaç­ão” e a colmatar “a quebra de confiança resultante” dos factos.

A investigaç­ão realizou-se após ter sido recebido, a 12 de julho de 2011, um e-mail na sede da ONG mencionand­o situações de “exploração sexual, fraudes, negligênci­a

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal