Pedro Kol e o título europeu: “Foi um combate épico”
O atleta português sagrou-se campeão na categoria -62 kg (K1), apesar de uma lesão na tíbia o ter feito recear o fim do combate
Um dia depois de se ter sagrado campeão europeu de kickboxing na disciplina de K1 na categoria -62 kg, após vitória sobre o italiano Alessandro Moretti no Campo Pequeno, em Lisboa, o português Pedro Kol estava nas nuvens. “Ainda parece um sonho. Foi uma noite incrível, com muito apoio no Campo Pequeno. Foi um combate disputado até ao fim, foi épico, com vitória por KO no último assalto”, disse ao DN o atleta de 35 anos, conhecido no mundo do kickboxing por “esparguete assassino”, “por ser muito magrinho”, e que no domingo sentenciou o duelo através de um superman punch certeiro.
Para trás fica um triunfo sofrido e suado no qual derramou sangue, tal como no dia em que tinha perdido o título frente ao mesmo adversário, em abril do ano passado. “Tinha perdido o título para este adversário, depois de os responsáveis darem o combate por terminado após eu ter sofrido um corte na tíbia, o que não concordei, pois queria lutar até ao fim. Ontem [anteontem] sofri novo corte na tíbia e tive receio de que fosse acontecer o mesmo, mas deram ordem para continuar e aproveitei”, contou o novo dono do cinturão continental que ainda não teve tempo para responder a todas as mensagens de congratulação. “Vou ver se tiro umas horas”, disse, bem-disposto. Ainda assim, diz que nenhuma das mensagens foi do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, algo que não espera que venha a acontecer. “Não tenho expectativas”, atirou.
Se a conquista do título foi a cereja no topo do bolo, também foi muito importante ajustar contas com o oponente de domingo. “Queria resolver as coisas com o italiano depois do que aconteceu no ano passado porque sentia que era melhor do que ele”, revelou, após aquele que foi considerado o combate do ano, presenciado por meio milhar de pessoas, no evento Never Give UP II, organizado pela empresa Sky Dreams Entertainment, tendo parte das receitas revertido a favor da Associação Princesa Azul, que se dedica a problemas das crianças.
Depois da conquista do terceiro título europeu, Pedro Kol confessa que um dos seus sonhos seria estar presente nos Jogos Olímpicos, embora não esteja muito a par do processo. Já entrou um pedido no Comité Olímpico Internacional para que a modalidade possa entrar no programa dos Jogos, mas ainda não existe parecer favorável.
Mesmo que não entre no programa olímpico, o recém-coroado campeão continental considera que a modalidade que pratica “está em crescendo, sobretudo na vertente de fitness”. “Quando fundei o meu ginásio, era praticamente o único na zona da Grande Lisboa. Agora existem muitos. O número de praticantes tem aumentado e da quantidade tem surgido quali- dade”, acrescentou o atleta, que também já foi campeão mundial e pentacampeão nacional.
Desde pequeno que Pedro Kol era apaixonado por artes marciais, fã de Bruce Lee e Van Damme, e rapidamente convenceu os pais a inscreverem-no no taekwondo. Mas só aos 16 anos começou a praticar kickboxing. Em abril de 2015, depois de deixar o seu emprego em engenharia ambiental, abriu a Academia Komachine e, meses mais tarde e depois de dois anos sem combater, conquistou o título mundial de kickboxing derrotando o chinês Jin Jintuo. No último domingo voltou a fazer história e sagrou-se tricampeão europeu.