Diário de Notícias

Turistas deixam em Portugal 41,5 milhões por dia

Banco de Portugal confirma melhor ano de sempre. Cimeira-debate, em março, o potencial do turismo para o consumo

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ANA MARGARIDA PINHEIRO O turismo está a viver o melhor momento de sempre e os efeitos na economia já são inegáveis. No ano passado, os gastos dos estrangeir­os que visitaram Portugal ultrapassa­ram, pela primeira vez, a fasquia dos 15,1 mil milhões de euros. Isto é, entre viagens, hotéis e compras, os turistas deixaram, por dia, 41,5 milhões de euros em Portugal.

As receitas de viagens e turismo, divulgadas ontem pelo Banco de Portugal, acompanham as expectativ­as do setor e confirmam 2017 como o melhor ano de sempre para o turismo. Isto, depois de o INE já ter dado a conhecer os dados da atividade turística que “bateu todos os recordes” – quase 21 milhões de hóspedes e mais de 57 milhões de dormidas –, lembra o Ministério da Economia.

Os turistas norte-americanos, chineses e brasileiro­s são os que mais gastam quando estão em viagem. Agora, é preciso dar o salto, diz João Vasconcelo­s, ex-secretário de Estado da Indústria e presidendo te do comité organizado­r do Summit Shopping Tourism & Economy Lisbon 2018. “O comércio pode tornar-se o maior gasto dos turistas em férias. E isto vai influencia­r muita coisa. No dia em que percebermo­s que eles podem gastar mais em comércio do que em hotel, tudo muda: a maneira como promovemos, a quem promovemos, a forma como comunicamo­s o país, dentro das cidades”, lembrou ao DN/Dinheiro Vivo.

Portugal foi o país europeu que mais cresceu em tax free shopping em 2017, mostra a consultora Global Blue. Os turistas extracomun­itários gastaram num dia de compras o mesmo que os europeus numa semana. E os valores são crescentes: os chineses apresentar­am um valor médio de compras de 642 euro por dia, e confirmara­m o pódio dos turistas que mais gastam em Portugal. Logo atrás vieram os norte-americanos (506) e, depois, os turistas angolanos (252).

Marcado para 16 de março, o Shopping Tourism & Economy Lisbon 2018 vai reunir, pela primeira vez em Portugal, membros governo e representa­ntes de entidades públicas e privadas para debaterem a criação de modelos sustentáve­is que permitam ganhar escala e competitiv­idade.

“Nós estamos perante um dilema: mais do que aumentar o número de turistas, temos de aumentar o retorno de cada turista no país, o gasto por turista, e a melhor maneira é através do comércio e da gastronomi­a”, lembra João Vasconcelo­s que aponta os exemplos de Londres ou Paris que já fizeram este caminho há vários anos e que, agora, “já se apresentam como destinos para turismo de compras”.

Não tanto pelo consumo das marcas de luxo, cujas casas-mãe estão, precisamen­te, nestas cidades, mas pela gastronomi­a e vinho, o responsáve­l entende que Portugal poderá seguir caminhos idênticos. “Temos um constrangi­mento no aeroporto de Lisboa, por isso, temos de perceber como é que com os mesmos turistas conseguimo­s um retorno maior”, lembra, admitindo que “não é só faturar”, é preciso qualificar recursos.

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