Diário de Notícias

O programa de Rui Rio não é diferente do que tinha Passos Coelho. O PSD está refém da política da austeridad­e e a definhar. O mundo mudou, mas o PSD não. Quando Rui Rio procura consensos novos para políticas velhas, sabe que não os vai encontrar. Apenas p

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O que Rui Rio tem dito dos temas políticos fundamenta­is encaixa-se perfeitame­nte no guião da reforma de Estado que Paulo Portas apresentou e Passos Coelho subscreveu. As obsessões foram elencadas no discurso do congresso por Rui Rio. Da segurança social à economia, nada de novo foi acrescenta­do.

A recorrente conversa sobre a insustenta­bilidade da segurança social é um dos pilares do discurso. Veja-se o que disse Rio: “O valor da dívida implícita do nosso sistema de pensões atinge valores muito altos em termos de percentage­m do PIB. Este indicador mostra desequilíb­rios financeiro­s futuros, mas sobretudo alerta-nos para o problema da sustentabi­lidade.” Compare com o que Passos Coelho disse no passado: “Temos um problema de sustentabi­lidade e temos de resolvê-lo.” Quaisquer semelhança­s não são meras coincidênc­ias.

Esta conversa sobre a segurança social foi a que o PSD justificou para cortar pensões e apoios sociais e que justificav­a a vontade de cortar 600 milhões de euros nas pensões. Rio afina pelo mesmo diapasão e tem o mesmo objetivo: plafonamen­to da segurança social e abertura do negócio aos fundos de pensões privados.

A discussão na área da educação é exatamente a mesma do passado: Rio contesta a reversão da política de Nuno Crato, defendendo o ex-ministro e o seu legado de destruição da escola pública. Ainda se lembra de quem reforçou a verba dos colégios privados enquanto cortava na escola pública? Recorda-se das crianças do 4.º ano em pânico com os exames? Pois, Rio anseia por este regresso ao passado.

Como não há duas sem três, na área da saúde assistimos à mesma vontade de agradar aos privados e às elites: “O lucro no setor da saúde não pode ser visto como algo de ilegítimo”, Rio dixit. Pois é, sempre o negócio para os privados a nortear a política do PSD.

E sobre os rendimento­s das famílias? A resposta de Rio foi que “o aumento do consumo privado é o objetivo pretendido, ou seja, deve ser a consequênc­ia do cresciment­o e não o seu principal motor”. Isto é exatamente o que Passos Coelho pensava quando defendia que devíamos cortar salários para ganhar competitiv­idade. A realidade mostrou bem como estão errados: a recuperaçã­o de rendimento­s ajuda as famílias e a economia nacional.

O programa de Rui Rio não é diferente do que tinha Passos Coelho. O PSD está refém da política da austeridad­e e a definhar. O mundo mudou, mas o PSD não. Quando Rui Rio procura consensos novos para políticas velhas, sabe que não os vai encontrar. Apenas procura uma tábua de salvação para recuperar a credibilid­ade perdida pelo PSD. Alguém lhe quer dar a mão?

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