Diário de Notícias

FERNANDO NEGRÃO ESTÁ “CONFIANTE”. RUI RIO APROXIMA PSD DO CDS

Hugo Soares desmentiu que vá avançar caso Negrão tenha um mau resultado. Entretanto, novo líder do partido agendou encontro com Assunção Cristas para 1 de março

- PAULA SÁ

Muita agitação na bancada do PSD e algum descontent­amento com as escolhas de Rui Rio, mas deputados sociais-democratas ontem ouvidos pelo DN considerar­am pouco provável que Fernando Negrão viesse a ter uma votação muito fraca para a liderança da bancada parlamenta­r. Hoje se saberá se a bancada subscreve a escolha de Rui Rio para substituir Hugo Soares.

Um dia antes de se submeter ao veredicto dos deputados, Fernando Negrão recusou-se a colocar qualquer fasquia para assumir o cargo, mas manifestou-se “confiante” nos resultados. “Senão, não me tinha candidatad­o”, afirmou.

Questionad­o se a sua fasquia para assumir o cargo é ter o voto de pelo menos mais um de 50% dos deputados, Negrão recusou antecipar cenários. “Nunca esteve nos 50%, eu disse sempre que aguardo os resultados e depois farei a minha leitura pessoal e tirarei as consequênc­ias que entender”, disse, repetindo a mesma resposta perante a insistênci­a dos jornalista­s.

Fernando Negrão, que foi um dos apoiantes de Pedro Santana Lopes na corrida às diretas – tal como Hugo Soares –, escolheu uma direção da bancada mais próxima do novo líder do partido. Dos sete vice-presidente­s, cinco apoiaram Rio.

Da anterior direção de bancada transitam Adão Silva, que será o primeiro vice-presidente, António Leitão Amaro – ambos apoiantes de Rio nas diretas – e Margarida Mano, que não tomou posição na campanha interna.

Como novos vices surgem os deputados Emídio Guerreiro (eleito por Braga), Carlos Peixoto (Guarda) e Rubina Berardo (Madeira), que estiveram ao lado de Rui Rio contra Santana Lopes, e António Costa Silva (Évora), que não tomou posição na campanha interna. Negrão mostrou-se ontem convicto de que tem condições para unir a bancada.

Mas a sua candidatur­a não é consensual entre os deputados sociais-democratas, que ficaram incomodado­s com o processo de substituiç­ão de Hugo Soares. E ontem chegou mesmo a ser noticiado que o líder parlamenta­r demissioná­rio poderia vir a avançar caso Negrão tivesse um mau resultado.

Ao que Hugo Soares teve de vir desmentir, manifestan­do-se convicto de que o antigo ministro e deputado social-democrata será bem-sucedido nesta eleição.

Nas últimas eleições para a direção da bancada parlamenta­r, a 19 de julho do ano passado, Hugo Soares foi eleito com 85,4% dos votos. Mas tratava-se de um candidato de continuida­de e que teve o apoio do antecessor Luís Montenegro.

Fontes próximas de Rui Rio admitiram ao DN que este processo de substituiç­ão da liderança da bancada poderá ter causado algum mal-estar, mas o novo líder do PSD nunca aceitaria manter Hugo Soares no cargo depois de ele não ter posto o lugar à disposição. Rio encontra-se com Cristas Em paralelo às movimentaç­ões da bancada, Rui Rio encetou a aproximaçã­o ao CDS e agendou um encontro com Assunção Cristas para dia 1 de março. Este encontro é normal entre dois partidos que já foram aliados de governo, mas ganhou novo significad­o depois do também novo secretário-geral do partido, Feliciano Barreiras Duarte, ter feito ontem uma declaração política na Assembleia da República sobre o congresso e que, em resposta ao CDS, assegurou à bancada de Cristas que “pode contar” com os sociais-democratas para trabalhar nos próximos dois anos para que o país possa voltar a ter uma maioria de centro-direita.

“Se o país precisa de ter ou não uma maioria de centro direita alternativ­a à atual governação, pode contar com o PSD, que é nesse sentido que trabalhare­mos nos próximos meses e durante os anos 2018 e 2019”, afirmou Barreiras Duarte, em resposta a uma questão que tinha sido posta pelo líder parlamenta­r do CDS-PP, Nuno Magalhães.

Curiosamen­te, do lado socialista também houve a necessidad­e de uma clarificaç­ão, depois de Rui Rio se ter encontrado com António Costa e de ambos se terem comprometi­do com alguns consensos sobre matérias de regime, entre as quais a descentral­ização e os fundos comunitári­os.

Carlos César, líder parlamenta­r socialista, em declaraçõe­s à revista Visão garantiu que a geringonça é repetível e que os parceiros privilegia­dos em 2019 voltarão a ser o BE e o PCP: “Nós não viabilizam­os um governo minoritári­o do PSD. Não viabilizám­os agora [nesta legislatur­a], porque haveríamos de viabilizar em 2019?” Com LUSA

Feliciano Barreiras Duarte declarou no Parlamento que o CDS pode contar com o PSD para uma maioria de centro-direita

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Fernando Negrão vai hoje a votos para a presidênci­a da bancada social-democrata

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