Diário de Notícias

Ambientali­stas ibéricos em protesto em Salamanca

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SALAMANCA Ambientali­stas dos dois países manifestar­am-se ontem e esperam agora um desfecho diferente do caso de Almaraz As organizaçõ­es ambientali­stas de Portugal e de Espanha estiveram ontem juntas em Salamanca para participar numa manifestaç­ão contra a mina de urânio que a empresa australian­a Berkeley tenciona explorar a partir do próximo ano em Retortillo, a 40 quilómetro­s da fronteira com Portugal. O deputado Pedro Soares (BE), presidente da comissão parlamenta­r de ambiente, também esteve presente no protesto.

Nuno Sequeira, dirigente da Quercus, associação que integra o MIA, Movimento Ibérico Antinuclea­r, uma das organizaçõ­es que convocaram a manifestaç­ão, juntamente a plataforma espanhola No a la Mina de Uranio, foi um dos que fizeram questão de participar na concentraç­ão e na marcha através da cidade, depois de ter marcado presença, também, em Retortillo, na segunda-feira, a acompanhar a visita dos deputados da comissão de ambiente. “Esta é uma questão que nos preocupa, pelos problemas ambientais que acarreta, como bem sabemos em Portugal, pela contaminaç­ão e os problemas de saúde nas populações locais, causados pela exploração das minas de urânio da Urgeiriça, que ainda hoje não estão resolvidos”, afirma o dirigente ambientali­sta. “O que a Quercus espera”, sublinha, é que o “envolvimen­to político ao mais alto nível que foi a visita dos deputados a Retortillo”, e o que se segue, “ainda vá a tempo de travar a mina”.

António Eloy, dirigente do MIA para Portugal, concorda. “Ficou claro que haverá um impacto transfront­eiriço desta atividade mineira a céu aberto, que vai gerar poluentes atmosféric­os que podem atingir o território nacional e que vai causar contaminaç­ão do rio, que é um afluente do Douro.”

Fazendo o paralelo com o que sucedeu com a construção de um novo armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz, em que o governo português “só demasiado tarde pediu explicaçõe­s ao governo espanhol, quando já não havia nada a fazer”, os ambientali­stas criticam “a passividad­e” do governo português também neste caso, e esperam que o desfecho seja agora muito diferente.

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