Diário de Notícias

O único museu da chapelaria da Península Ibérica

Concelho chegou a ter 200 fábricas de chapéus na década de 1920. Polo museológic­o atrai cerca de 30 mil visitantes por ano

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INDÚSTRIA Nas instalaçõe­s da antiga Empresa Industrial de Chapelaria, fundada em 1914 por António José Oliveira Júnior, que introduziu a produção mecanizada na década de 1920 e laborou até 1995, nasceu em 2005 o único museu do setor na Península Ibérica – na Europa existem três: em França, Inglaterra e Itália.

O Museu da Chapelaria, em São João da Madeira, permite aos visitantes conhecer desde o processo de fabricação de um chapéu, numa das exposições permanente­s, até conhecer mostras temporária­s, como a do designer Maor Zabar, que decorre até 31 de março. Para a diretora, Suzana Menezes, o museu surpreende nas suas diferentes vertentes boa parte dos cerca de 30 mil visitantes que o visitam a cada ano.

“Os visitantes surpreende­m-se ao saber que o feltro vem do pelo de coelho ou de castor ou com a perceção do processo complexo que é a produção de um chapéu – que faz que o preço de venda em loja atinja valores na ordem dos 150 a 200 euros. A nossa missão é preservar a máquina, mas igualmente as pessoas que estiveram atrás dela e as suas histórias de vida. Também por isso, optámos por ter dois ex-operários como guias para podermos trazer esta dimensão humana”, explica a diretora do museu, cuja antiga fábrica tem algumas curiosidad­es para contar. Nestas instalaçõe­s da antiga Empresa Industrial de Chapelaria, que revolucion­ou o setor, foram produzidos ao longo de décadas os chapéus da polícia feminina inglesa e há quem garanta que de uma grande encomenda expedida para os EUA foi produzido o chapéu branco de cowboy da personagem JR da série Dallas.

A indústria chapeleira está intimament­e ligada à criação do concelho de São João da Madeira, hoje cidade com 21 mil habitantes com uma economia assente numa forte pujança do setor secundário de cariz exportador. Em 1920, eram mais de 200 as fábricas de chapelaria por aqui. O progresso industrial foi tal que em 1926 justificou as reivindica­ções para a criação do município, concretiza­ndo-se a separação de Oliveira de Azeméis – nasceu assim o mais pequeno concelho do país, que tem no seu brasão de armas a palavra “Labor” e uma fábrica.

Hoje, resistem duas grandes empresas no setor da chapelaria: a Cortadoria Nacional do Pelo, cuja instalação foi decisiva para o desenvolvi­mento do setor em São João da Madeira ao longo do século XX, e a Fepsa, líder mundial de feltros de pelo para chapéus.

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