Diário de Notícias

Campeã de dois desportos diferentes no espaço de uma semana, a checa Ester Ledecka fez história

Checa juntou ouro de slalom gigante paralelo (snowboard) ao de Super-G (esqui alpino): é a primeira a vencer em dois desportos tão diferentes na mesma edição

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“Não achava que isto poderia acontecer e agora tenho duas medalhas de ouro”, celebrou Ester Ledecka

RUI MARQUES SIMÕES Já há quem lhe chame “a rainha dos Jogos Olímpicos de Inverno”. Ester Ledecka diz que não se sente no trono, mas será, no mínimo, a mais polivalent­e e multifacet­ada campeã de PyeongChan­g 2018: ontem, uma semana após ter conquistad­o o ouro de Super-G (esqui alpino), a checa ganhou o de slalom gigante paralelo (snowboard), tornando-se a primeira atleta a vencer em dois desportos diferentes na mesma edição.

Antes de Ledecka, só quatro homens tinham ganho o ouro em modalidade­s distintas numa mesma edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, mas fora sempre em variantes próximas como cross-country/esqui de fundo, combinado nórdico ou biatlo. A checa, de 22 anos, propôs-se a algo mais arrojado (e que implica o trabalho de músculos bem diferentes): converteu-se na esquiadora que também brilha no snowboard, depois de há uma semana ter sido a snowboarde­r que surpreende­u no esqui alpino.

Ontem, a dupla campeã olímpica cumpriu o esperado: bateu a alemã Selina Jörg na final de slalom gigante paralelo, por 0,46 segundos. Inesperada fora a sua vitória de sábado passado, em Super-G, disciplina onde nunca conseguira qualquer resultado marcante. Ester Ledecka, esquiadora desde os 2 anos e snowboarde­r desde os 5, só em 2016 começara a competir a nível internacio­nal também no esqui alpino – “pensei que era um erro de cronómetro”, admitiu, quando se viu em 1.º lugar. No entanto, sempre sonhara com essa vida dupla.

“Sempre disse ‘quero praticar os dois desportos e, se isso incomodar o treinador, terei de procurar outro treinador”, contou Ledecka, no ano passado, ao The New York Times. E, em PyeongChan­g 2018, os céticos tiveram de se render ao método de três semanas de treino de uma modalidade, seguidos de três semanas de treino da outra – “funciona bem”, garante – quando a viram conquistar dois títulos olímpicos no espaço de oito dias. “Foi bastante difícil transforma­r-me em snowboarde­r. Tive uma semana para isso e até à véspera não me sentia bem... mas, felizmente, reencontre­i a snowboarde­r que há em mim”, explicou.

“Não achava que isto poderia acontecer e agora tenho duas medalhas de ouro. Estou muito feliz e vou recordar este momento até ao resto da minha vida, mas espero repetir mais vezes”, sublinhou ainda a atleta, neta de um antigo medalhado nos Jogos Olímpicos de Inverno (Jan Kaplac, bronze em 1964 e prata em 1968 no hóquei em gelo) e filha de uma ex-patinadora artística (Zuzana Ledecka) e de um famoso cantor e compositor checo ( Janek Ledecka). Afinal, aos 22 anos, Ester ainda tem muito a aspirar... talvez até nos desportos de verão. “Próximos objetivos? Tentar a qualificaç­ão para 2020 no surf: porque não?...”, questionou, entre sorrisos, a “rainha dos Jogos Olímpicos de Inverno” – “não me sinto assim, mas soa bem”, disse, quanto ao rótulo.

De resto, ontem foi também o dia em que a Noruega bateu o recorde de medalhas ganhas por um só país numa edição dos Jogos Olímpicos de Inverno – 38, com a bronze na prova de equipas de esqui alpino. Na estreia da disciplina, o ouro foi para a Suíça. EUA (curling masculino), o finlandês Iivo Niskanen (50 km cross-country), o suíço Nevin Galmarini (slalom gigante paralelo/ snowboard), o canadiano Sebastien Toutant (big air/snowboard), a japonesa Nana Takagi e o sul-coreano Lee Seung-Hoon (partida em massa patinagem de velocidade) venceram as outras finais do dia. run. MIGUEL JUDAS

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