Diário de Notícias

SÓ UM TERÇO DAS FAMÍLIAS DE LISBOA PEDIU REEMBOLSO

Autarquia aprovou oferta dos livros do 2.º e 3.º ciclos em dezembro e está a reembolsar famílias que já os tinham comprado. Mas o final do prazo é já na quarta-feira e, até à semana passada, só 3000 famílias pediram o valor

- PEDRO SOUSA TAVARES

O prazo definido pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) para o reembolso dos manuais escolares do 2.º e 3.º ciclos dos alunos da cidade termina já na quarta-feira mas muitas famílias ainda não aproveitar­am a oportunida­de de reaver o dinheiro. De acordo com os dados avançados ao DN pela autarquia, o último balanço, realizado a meio da semana passada, apontava para cerca de 3000 pedidos num universo de 10 a 11 mil alunos elegíveis, menos de um terço do total.

Em causa estão valores que, de acordo com as estimativa­s da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) para os cabazes de livros do presente ano letivo, variam entre 97,2 euros (média do 2.º ciclo) e 162 (3.º ciclo). Ou seja: consideran­do que cerca de 7500 famílias não terão pedido o reembolso das despesas com os livros, terá ficado quase um milhão de euros (970 mil euros) por entregar.

Números que não impedem o vereador da Educação da autarquia, Ricardo Robles (Bloco de Esquerda), de fazer um balanço positivo da iniciativa, formalizad­a em dezembro, que se integra no acordo celebrado com o presidente da Câmara, Fernando Medina, para garantir o apoio do Bloco ao executivo municipal.

“Estamos bastante agradados com estes resultados. Sabemos que nesta última semana surgirão ainda pedidos”, lembrou. “E sabendo que foi uma operação de curta duração e que as pessoas que adquiriram os manuais em setembro não estavam à espera deste reembolso, os números são significat­ivos. Houve pessoas que não guardaram as faturas e o processo em si ainda era um pouco burocrátic­o”, explicou.

Segundo o autarca, não foi por falta de iniciativa da câmara que o valor não foi entregue a todas as famílias. “Fizemos um grande esforço de comunicaçã­o. Tivemos mupis nas ruas, folhetos nos autocarros, todas as escolas tiveram informação, anunciámos nas máquinas multibanco e através das juntas de freguesia, fizemos tudo o que era possível”, resumiu.

Refira-se que, além das 3000 famílias até agora abrangidas pelos reembolsos, houve mais “10 a 11 mil” crianças das escolas de Lisboa que também não pagaram os livros, por serem beneficiár­ias dos apoios da Ação Social Escolar.

Dois milhões para chegar ao 12º

Para o próximo ano letivo, com o Ministério da Educação a assumir a oferta dos manuais até ao 6.º ano de escolarida­de, o compromiss­o do município é assegurar a gratuitida­de dos livros em toda a escolarida­de obrigatóri­a.

“A boa notícia é que vamos reembolsar as crianças deste ano. A melhor notícia é que, no próximo ano, a medida vai ser alargada até ao 12.º ano e serão abrangidas todas as crianças da escolarida­de obrigatóri­a”, confirmou Ricardo Robles. “E será atribuído através das escolas”, acrescento­u. “Quando começarem as aulas, em setembro, os alunos já terão os seus manuais.”

Apesar de deixar de pagar os livros do 2.º ciclo – que serão custeados pelo Estado – a Câmara de Lisboa deverá ver a fatura dos manuais subir considerav­elmente, porque é precisamen­te no terceiro ciclo e secundário que o preço dos livros é mais elevado, com os cabazes de alguns anos de escolarida­de a ultrapassa­rem os 200 euros.

“É um esforço grande para o orçamento da autarquia”, reconheceu o vereador, “mas é uma medida que tem um impacto económico nas famílias muito grande. Valorizamo­s este esforço do município precisamen­te porque sabemos que tem um impacto grande nas famílias”, defendeu. “É um passo importante rumo ao objetivo da gratuitida­de total do ensino, prevista na Constituiç­ão.”

Quanto ao valor a desembolsa­r, ainda está a ser apurado. Mas já existe verba atribuída: “Ainda não temos a conta absolutame­nte fechada mas a estimativa era que o orçamento total chegasse aos dois milhões de euros”, avançou.

No próximo ano a autarquia vai alargar a oferta dos manuais a toda a escolarida­de obrigatóri­a, com os livros a serem entregues aos alunos pelas escolas

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Oferta de manuais foi negociada entre Medina e Ricardo Robles (à esquerda) no âmbito do acordo que viabilizou o executivo de Lisboa

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