Diário de Notícias

CDU dá luz verde a grande coligação. Falta veredicto do SPD

Merkel escolhe crítico para ministro da Saúde. CDU elegeu para secretária-geral, em congresso, Annegret Kramp-Karrenbaue­r

- PATRÍCIA VIEGAS

Angela Merkel está cada vez mais perto de assumir um quarto mandato como chanceler. O seu partido democrata-cristão, a CDU, deu ontem o seu aval a um governo de grande coligação com o SPD. Para que o novo executivo alemão veja finalmente a luz do dia, cinco meses após as eleições legislativ­as, falta apenas conhecer o veredicto dos militantes sociais-democratas sobre o acordo de grande coligação (o resultado da votação do SPD será conhecido, o mais tardar, até domingo, dia 4 de março).

975 delegados da CDU, reunidos no congresso de Berlim, votaram a favor de uma grande coligação com o SPD de Martin Schulz. 27 votaram contra esta aliança. Os delegados do partido democrata-cristão votaram de braço no ar sobre o acordo de grande coligação, assumido entre CDU/CSU e SPD. A acontecer esta será a terceira grande coligação de Merkel. Tudo está agora pendente do resultado da votação dos 464 mil militantes sociais-democratas (que está a decorrer através do correio).

Aplaudida durante cinco minutos após o seu discurso de quase uma hora no congresso, Merkel pediu solidaried­ade e uma nova dinâmica para a Alemanha, “coesão no partido” para se chegar a “um governo estável e capaz”. Conhecida como pragmática, não hesitando fazer compromiss­os em nome do que é o interesse nacional, a chanceler, de 63 anos, convidou para ministro da Saúde um dos seus maiores críticos na CDU: Jens Spahn, de 37 anos, membro da ala mais à direita do partido, católico e homossexua­l assumido. O político que, em 2002, se tornou o deputado mais jovem do Bundestag, com apenas 22 anos, desafiou Merkel durante um debate sobre a dupla cidadania, em 2016, tendo saído vencedor dele.

Natural do importante estado da Renânia do Norte-Vestfália, casado com um jornalista, Spahn tornou-se porta-voz da CDU para as questões de saúde em 2009. Crítico da decisão de deixar entrar mais de um milhão de refugiados em 2015, o político que na escola dizia querer um dia chegar a chanceler é frequentem­ente notícia devido às suas posições conservado­ras. Uma das últimas foi quando disse que havia demasiados hipsters em Berlim a falar inglês e não alemão. Entre os seus objetivos, Spahn já disse querer recuperar para a CDU todos os eleitores desiludido­s que votaram no partido de extrema-direita Alternativ­a para a Alemanha (em segundo lugar nas sondagens). Aí, mais uma vez, a escolha de Merkel, a chanceler pragmática, não terá sido também inocente. Depois de anunciar os nomes da CDU para o futuro governo alemão, CSU (Congénere bávara da CDU) e SPD deverão fazer o mesmo em breve.

Neste mesmo congresso, os conservado­res de Merkel elegeram a nova secretária-geral. Annegret Kramp-Karrenbaue­r, conhecida como AKK ou mini-Merkel, é ministra presidente do estado do Sarre desde o ano de 2011. Considerad­a mais da ala centro da CDU, que combina o conservado­rismo com visões económicas de esquerda, AKK foi uma defensora por exemplo do salário mínimo, mas uma crítica da publicidad­e à prática do aborto e do casamento homossexua­l, o qual, segundo ela, abriria a porta ao incesto e poligamia. De qualquer forma, com esta eleição, torna-se uma forte candidata a uma futura sucessão de Merkel.

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Angela Merkel com as suas escolhas para o eventual novo governo de grande coligação com o SPD e a nova secretária-geral da CDU

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