Diário de Notícias

Ao defender união aduaneira, Corbyn põe May sob pressão

Governo diz que líder trabalhist­a está a vender banha da cobra. Mas este pode aliciar deputados descontent­es com a PM

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Corbyn quer UE como parceiro preferenci­al do Reino Unido

BREXIT O líder dos trabalhist­as britânicos defendeu ontem uma união aduaneira entre o Reino Unido e a União Europeia após o brexit, num discurso em que se demarcou da primeira-ministra e número um dos conservado­res, Theresa May. “O Partido Trabalhist­a procurará negociar uma nova e abrangente união aduaneira entre o Reino Unido e a União Europeia para garantir que não haja taxas aduaneiras com a Europa e evitar uma fronteira rígida na Irlanda do Norte”, disse Jeremy Corbyn.

Um porta-voz do governo reagiu quase de imediato: “O governo não vai aderir a uma união aduaneira. Queremos ter liberdade para assinar os nossos acordos comerciais e para chegar ao mundo.”

“Um novo compromiss­o aduaneiro dependeria da capacidade do Reino Unido em negociar novos acordos comerciais no interesse nacional. O Labour não toleraria um acordo que deixasse o Reino Unido como um destinatár­io passivo de regras decididas noutros lugares. Isso significar­ia acabarmos como meros acatadores de leis”, advertiu o líder da oposição no discurso que realizou em Coventry.

No domingo, 80 trabalhist­as apelaram à manutenção do país no mercado único. Indiferent­e ao apelo dos pares, Corbyn também não pôs em causa a saída da UE. “A nossa mensagem tem sido consistent­e desde o voto pela saída há 20 meses. Respeitamo­s o resultado do referendo.” Mas não deixou de criticar o “governo dividido” por deixar o “país às escuras sobre o que quer fazer do brexit”.

Numa tentativa de conquistar rebeldes no partido de Theresa May, Corbyn apelou para todos os membros do Parlamento e disse que o Partido Trabalhist­a não apoiaria nenhum acordo que provocasse danos duradouros aos empregos, direitos e padrões de vida. “Apelo aos deputados de todos os partidos para porem os interesses do povo à frente das fantasias ideológica­s”, afirmou.

Segundo o Sunday Times,o chefe da bancada parlamenta­r dos tories, Julian Smith, avisou Theresa May de que há 15 a 20 deputados que estarão dispostos a votar contra o governo numa emenda da lei do comércio que prevê a saída da união aduaneira. Se o governo for derrotado nessa votação – ainda sem data –, esse voto de censura poderá derrubar a liderança de May.

“O Partido Trabalhist­a pode pensar que encontrou uma solução simples para o brexit, mas há uma lição que ainda não aprendeu: se se parece com banha da cobra e cheira a banha da cobra, não espere melhoras”, escreveu o ministro para o Brexit David Davis no Daily Telegraph. C.A.

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