Diário de Notícias

O plágio e a conversa da treta

- FERREIRA FERNANDES

Oque aqui me traz não é o plágio. Plágio é: fazer imitação de trabalho alheio. Sobre o plágio pode discutir-se a intenção dolosa, de má-fé, ou não. Mas, antes, cabe ouvir a ironia concisa do maestro António Victorino d’Almeida ao DN, ontem:“Não é plágio, é igual.” Isto é, a música de Canção do Fim de Diogo Piçarra é igual ao cântico

Abre os Meus Olhos, hino da Igreja Universal do Reino de Deus. Mesmo os pecos dos tímpanos, ao compararem as duas músicas, descobrem-nas afinal uma só. E como Diogo nasceu em 1990, seria demasiado milagre que ele pudesse, em 1979, fazer más canções, quando na IURD, entre dois apelos ao dízimo, já se ouvia a tal musiquinha evangélica. Portanto, acabou a conversa. Que eu não retomaria aqui se Diogo Piçarra não viesse com conversa de pastor da IURD para o Facebook. Diz ele que está com “a consciênci­a tranquila.” Não tenho razões para duvidar, não o conheço. Mas não é a consciênci­a dele, agora, o ponto. Como também não é altura de sacudir as culpas da imitação para outros, com esta frase:“É engraçado como a vida tem destas coisas, coincidênc­ia divina ou não...” Jesus? Espírito Santo? A andarem pelos Festivais da Canção a pregar partidas aos concorrent­es? Não me parece. Na melhor das hipóteses, foi a sua própria inspiração que traiu Piçarra – ouviu algures, ficou-lhe no ouvido e reproduziu sem querer. Mas o cantor insiste:“Nunca participar­ia num concurso nacional com a consciênci­a de que estava a plagiar uma música da Igreja Universal.” Outra vez conversa pseudo confession­al... Mas que mania de afogarmos os assuntos concretos com conversa da treta. O ponto, Diogo Piçarra, é: a canção não é sua! Logo, tire-a do festival. Feito isso, e só depois, fale do seu papel na canção como lhe der na gana.

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