Diário de Notícias

FESTIVAL DA CANÇÃO

ACUSAÇÕES DE PLÁGIO E OUTROS TROPEÇOS FESTIVALEI­ROS

- LINA SANTOS

Foram premonitór­ias as palavras de Júlio Isidro, presidente do júri do Festival da Canção, na 2.ª semifinal, domingo à noite. “A polémica é o festival.” Ontem, acusações de plágio de uma canção da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) ensombrara­m o pleno de votação de Diogo Piçarra. O artista conquistou os 12 pontos do júri e os 12 pontos do televoto e a sua Canção do Fim foi a mais votada desta edição do concurso que escolhe o representa­nte de Portugal na Eurovisão. Via Facebook, Diogo Piçarra respondeu às acusações de cópia da canção Abre os Meus Olhos, do pastor Walter da IURD: “Desconheci­a por completo o tema e continuare­i a defender a minha música por acreditar que foi criada sem segundas intenções.”

“A simplicida­de tem destas coisas, e as melodias na música não são ilimitadas”, admite Diogo Piçarra sobre as semelhança­s entre Abre os Meus Olhos e a sua Canção do Fim. “Nunca participar­ia num concurso nacional com a consciênci­a de que estava a plagiar uma música da Igreja Universal. Teria agarrado na guitarra e feito outra coisa qualquer”, afirma.

“A música é muito simples, é elementar, e nestes casos é mais fácil acontecere­m plágios. Mas felicito o músico por nunca ter ouvido um cântico da IURD”, reagiu o maestro Victorino d’Almeida ao DN, quando soube que Diogo Piçarra garantiu que criou o tema no final de 2016, enquanto, alega o músico, o hino da IURD data da década de 1970.

Júlio Isidro, presidente do júri, admite que as duas cantigas são muito semelhante­s, embora não faça ideia das consequênc­ias. Os jurados, diz, não podem ser responsabi­lizados. “Não conhecemos a música toda”, refere. Só pode dizer que, embora não conheça as votações dos restantes oito membros do júri, Diogo Piçarra ficou nos lugares cimeiros de todos. A RTP não respondeu aos contactos do DN.

Outra acusação de plágio circulou após a primeira semifinal. Nas redes sociais criticavam-se as semelhança­s entre Scars to Your Beautiful, de Alessia Cara, e A Mesma Canção, de Paulo Praça. As críticas neste caso foram eclipsadas pelo facto de a intérprete Maria Amaral ter ficado pelo caminho e pela polémica em torno de um erro nas votações da primeira semifinal. Erro na votação Na segunda-feira, após a primeira eliminatór­ia, a RTP emitiu um co- municado em que assumia que tinha havido um erro nas votações. Uma falha na transcriçã­o do número de televotos levou a que fossem atribuídos pontos à canção número 3, de Mallu Magalhães, interpreta­da por Beatriz Pessoa, que eram afinal para a número 13, de Paulo Praça.

A possibilid­ade de erro foi detetada na noite do festival, mas só uma recontagem dos votos por parte da RTP permitiu perceber que havia mudanças no quadro classifica­tivo – afinal, a canção de Mallu Magalhães não iria à final e no seu lugar entrou Sem Medo, uma composição de Jorge Palma cantada por Rui David.

A semifinal de domingo ficou também marcada por problemas técnicos durante a atuação da intérprete da canção de Tito Paris – o playback musical entrou a meio da canção. Por decisão da RTP, Maria Inês Paris, sobrinha do compositor, voltaria ao palco para interpreta­r mais uma vez Bandeira Azul, que se qualificou para a final de domingo, dia 4, no Pavilhão Multiusos de Guimarães (ver caixa com a lista das canções finalistas e a ordem de atuação sorteada no domingo à noite, após a semifinal). Com PAULA FREITAS FERREIRA

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 ??  ?? 1 Diogo Piçarra reuniu as preferênci­as do júri e do público na segunda semifinal e foi acusado de plágio. 2 Maria Inês Paris repetiu a sua atuação no domingo. 3 Beatriz Pessoa, afinal, não passou à final
1 Diogo Piçarra reuniu as preferênci­as do júri e do público na segunda semifinal e foi acusado de plágio. 2 Maria Inês Paris repetiu a sua atuação no domingo. 3 Beatriz Pessoa, afinal, não passou à final

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