Diário de Notícias

Descongela­mento chega em março a apenas 20% dos funcionári­os

O governo revela que 400 mil funcionári­o públicos têm condições para progredir nas carreiras. Até agora foram abrangidos 40 mil. Ministério das Finanças prevê que o número duplique já no próximo mês

- LUCÍLIA TIAGO

Nos primeiros dois meses apenas 40 mil funcionári­os públicos receberam o acréscimo salarial resultante do descongela­mento das carreiras. Um número que, promete o governo, deverá duplicar já em março. Mesmo assim, o dinheiro só irá chegar a 20% dos 400 mil trabalhado­res em condições de progredir. Ontem, no final de mais uma reunião com Fátima Fonseca, secretária de Estado da Administra­ção e do Emprego Público, os sindicatos não pouparam críticas ao atraso dos serviços no pagamento das progressõe­s remunerató­rias. Injustific­ado, muito reduzido e sem sentido foram algumas das expressões usadas por Helena Rodrigues (STE), José Abraão (FESAP) e Ana Avoila (Frente Comum).

“O descongela­mento está a ser feito de forma lenta. É nossa convicção de que apenas no segundo trimestre haverá números que se aproximem já do universo real dos que estão em condições de progredir”, precisou a presidente do STE. Helena Rodrigues comparou esta lentidão com a rapidez com que em 2011 os sistemas informátic­os foram adaptados para pôr em marcha os cortes salariais. “O governo justifica o atraso com a complexida­de do processo. Se fosse para aplicar um aumento de impostos era rápido e já não era complexo”, ironizou também Ana Avoila.

O processo de descongela­mento das progressõe­s remunerató­rias foi iniciado neste ano, interrompe­ndo um ciclo de oito anos consecutiv­os em que as carreiras estiveram congeladas. Abrange todos os funcionári­os públicos que a 1 de janeiro reuniam condições para progredir ou que venham a reunilas durante o ano. Há carreiras da função pública em que o tempo é o fator mais relevante na progressão e outras (a maioria) em que são os resultados da avaliação de desempenho. A regra é que um trabalhado­r necessite de pelo menos dez pontos (de avaliação) para descongela­r.

Na apresentaç­ão do Orçamento do Estado para 2018, o ministro das Finanças assinalou que cerca de 400 mil trabalhado­res da administra­ção central estariam em condições de ter uma progressão remunerató­ria, mas a aplicação prática da medida tem derrapado.

José Abraão, secretário-geral da Fesap, sublinhou a “lentidão” do processo, tanto mais que o direito a progredir “se venceu a 1 de janeiro”. Acrescento­u ainda que em nove áreas governativ­as já foi possível chegar a 100% dos trabalhado­res, enquanto em outras nove os resultados estão ainda abaixo dos 50%. Tudo somado, José Abraão não acredita que este processo fique concluído antes de abril e sublinha que o universo dos que vão progredir será mais modesto do que apontavam os dado, com o OE.

A reunião com a secretária de Estado permitiu começar a abordar os casos das carreiras subsistent­es, em que se incluem os fiscais de obra, inspetores (não das inspeções-gerais), informátic­os e investigad­ores técnicos, mas apenas durante o mês de março deverá haver uma proposta. Além das críticas, os sindicatos deixam um aviso: a progressão remunerató­ria resultante deste processo é apenas um passo que terá de ser acompanhad­o de um aumento salarial.

“Alguma coisa está mal com a verba para progressõe­s: OE só tem 160 milhões em vez dos 280 milhões falados nas reuniões”

ANA AVOILA FRENTE COMUM

“Apenas 125 serviços fizeram a progressão, abrangendo 40 mil trabalhado­res. É claramente um universo diminuto”

MARIA HELENA RODRIGUES SINDICATO DOS QUADROS TÉCNICOS DO ESTADO

“Depois de sete anos de congelamen­to das carreiras era expectável que os serviços estivessem mais preparados”

JOSÉ ABRAÃO FESAP

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Fátima Fonseca confirmou ontem aos sindicatos que em março duplica o número de trabalhado­res a progredir nas carreiras

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