Os últimos dias da peregrinação de Ratzinger para “casa”
Papa que resignou vive dentro dos muros do Vaticano mas é pouco visto em público. E admite “declínio físico”
A carta entregue em mão na redação do Corriere della Sera, com data de 5 de fevereiro na folha datilografada, remetida do Monastero Mater Ecclesiae, V-120 Città del Vaticano, é revelada ao mundo a 6 pela pena do diretor deste diário italiano.
Bento XVI, retirado naquele mosteiro dentro dos muros do Vaticano, vive hoje (quase a fazer 91 anos) a quietude do “lento declínio” da sua “força física”, como escreve na referida carta em que responde às preocupações dos muitos leitores do jornal que queriam saber como estava o papa que resignou há cinco anos. “Estou numa peregrinação interior para a Casa”, assim, com maiúscula, numa referência a Deus (para a casa do Senhor).
Quando resignou, cansado e sem forças para mudar as coisas numa Igreja dilacerada pela corrupção e escândalos sexuais, o Papa Ratzinger prometeu a si mesmo um tempo de oração e escrita. E assim permaneceu, surgindo em público apenas algumas vezes, sobretudo nas visitas do seu sucessor (e abrindo assim porta à inquietação dos leitores do Corriere della Sera).
Nas fotografias que a Fundação Ratzinger-Bento XVI vai disponibilizando na sua página do Facebook é possível ver o “declínio da força física” que o próprio admite na carta.
Muitas vezes de boina branca, amparado por quem o visita ou com um andarilho que o ajuda a caminhar, essa fragilidade física contrasta com a sua cabeça, sugeriu o monsenhor Angelo Becciu, que recentemente esteve com Ratzinger.
“Fisicamente tem alguns problemas, mas faz as suas caminhada diárias, e mentalmente continua muito fresco”, descreveu o responsável da Secretaria de Estado do Vaticano, no dia seguinte à divulgação da carta de Bento XVI. E está bem, insistiram os jornalistas. “Sim, sim”, confirmou Becciu.
O mosteiro Mater Ecclesiae, nos jardins do Vaticano, onde reside hoje Bento XVI, dista uns 750 metros da residência de Santa Marta, onde o Papa Francisco optou por viver na companhia do pessoal que trabalha na Santa Sé, do lado oposto ao apartamento papal onde viveram os seus antecessores.
Anda muitas vezes de boina branca, amparado por quem o visita ou de andarilho para caminhar. Contrasta com a “frescura” da cabeça