“Só o serviço pode fazer crescer o valor”
O que está a justificar o aumento dos preços na hotelaria? Felizmente, todos os destinos tiveram crescimentos, uns menos, outros muito mais. Há uma procura muito acentuada no Porto e em Lisboa; a Madeira, em termos de ocupação, é sempre a campeã e o Algarve, na época alta.. Isto é um efeito conjunto. Sabemos que a ocupação nas quatro e cinco estrelas cresce muito e, depois, verificamos também um crescimento imenso nos preços das unidades de duas estrelas. É pouco comum. O que está a justificar este movimento? Tem havido um fenómeno interessante, e eu acho que tem que ver com a abertura das low-cost a outros mercados e, em alguns casos, alguma concorrência aos alojamentos locais, porque as duas estrelas conseguem competir ao nível do preço, embora seja também um efeito de arrasto. Sobe o preço nas cinco estrelas e todos sobem. Com esta melhoria das tarifas, Portugal já se aproximou um pouco mais da Europa? A OMT só tem fechados dados de 2016 e, nesse ano, Portugal já tinha crescido um bocadinho e estava a nível de receita na 25.ª posição, o que é já interessante para a nossa dimensão; era 18.º em chegada de turistas; e em termos de despesas internacionais tínhamos subido uma posição para 46.º destino. Mas é evidente que não estamos nos dez primeiros, nem nos 15 primeiros. Nem em entradas, nem em receitas, nem em despesas. Quais são os grandes desafios a partir de agora? Temos tido um crescimento da oferta e de facto estamos com uma escassez imensa de recursos humanos para a hotelaria. Essa vai ser a pedra-de-toque dos próximos anos. Inclusive para subir preços temos de subir em valor, e o valor é uma antevisão do serviço. Há pessoas que nos procuram, os norte-americanos, e vêm para a cultura, para a gastronomia, para os vinhos, não vêm para as compras. A parte de serviçoéaú nica que nos pode vir fazer crescer em valor e em preço.