Diário de Notícias

Fundo da Noruega reforça na bolsa. Mas com cautela na dívida

As ações das empresas portuguesa­s atraíram o maior fundo soberano do mundo. Na dívida as posições ainda estão longe do que eram antes da crise

- Milhões de euros

RUI BARROSO A bolsa portuguesa está mais atrativa para o fundo soberano da Noruega, o maior do mundo e que tem um bilião de dólares sob gestão. O investimen­to em ações de empresas nacionais atingiu, em 2017, o valor mais elevado de sempre, se medido em coroas norueguesa­s. Mas na dívida pública, apesar da recuperaçã­o, os valores estão muito abaixo do que se verificava­m antes da crise financeira.

O fundo que rentabiliz­a as receitas petrolífer­as da Noruega para garantir que o país tem dinheiro no futuro fechou 2017 com uma posição de 462 milhões de dólares (377 milhões de euros) em dívida soberana portuguesa. Aumentou a aposta em 120 milhões de dólares, num ano em que as obrigações portuguesa­s foram das grandes estrelas do mercado de dívida soberana, à boleia das subidas dos ratings da Standard & Poor’s e da Fitch para grau de investimen­to.

Apesar do reforço em obrigações do Tesouro, o fundo ainda está longe dos investimen­tos avultados que tinha em 2008, quando era detentor de mais de 2000 milhões de dólares de dívida portuguesa. A posição atual é cinco vezes inferior.

Além de obrigações do Estado, o fundo soberano está também investido em dívida de bancos, como o BCP, o Santander Totta, o Montepio e a Caixa Geral de Depósitos. Detém ainda títulos de dívida das empresas públicas Comboios de Portugal e Infraestru­turas de Portugal.

Mas se na dívida o maior fundo soberano do mundo ainda está longe dos níveis registados antes da crise, na bolsa o veículo de investimen­to norueguês aumentou a exposição para o valor mais alto de sempre, em coroas norueguesa­s. Em dólares, outra das moedas de referência utilizada pelo fundo, está perto de máximos. As posições na bolsa portuguesa estavam avaliadas, no final do ano passado, em 1,17 mil milhões de dólares. O máximo histórico foi em 2010 quando as posições nas ações nacionais somaram 1,27 mil milhões de dólares. Maior posição é na EDP Cerca de um terço do investimen­to do fundo soberano da Noruega na bolsa portuguesa estava concentrad­o na EDP. O veículo de investimen­to tinha, no final de 2017, uma posição de 337 milhões de dólares na elétrica. Detinha 2,68% do capital da empresa presidida por António Mexia.

Apesar dessa posição, a elétrica está na lista de observação do fundo norueguês, num processo de avaliação se deve ou não excluir a empresa do seu universo de investimen­to devido à utilização de carvão. Com os últimos anos de seca, a EDP produziu mais energia a partir de carvão. Mas na altura em que foi colocada sob observação, no final de 2016, disse estar já a cumprir com os critérios exigidos pelo fundo soberano da Noruega.

Além da EDP, as maiores posições do fundo na bolsa portuguesa são na Galp (115 milhões), Jerónimo Martins (116 milhões) e BCP (98 milhões). A nível global, o veículo de investimen­to tem ações de cerca de nove mil empresas de 72 países. Em 2017, o fundo rendeu 13,7%. Obteve um ganho de 106 mil milhões, mais de metade do produto interno bruto (PIB) de Portugal. Valor, no final de 2017, do investimen­to do Fundo da Noruega em dívida pública portuguesa.

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