Diário de Notícias

Jordi Sànchez na frente para liderar Generalita­t no lugar de Puigdemont

Ex-presidente da Associação Nacional Catalã está em prisão preventiva desde outubro. Governo e oposição criticam escolha

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CATALUNHA Junts per Catalunya e ERC estão cada vez mais perto de um acordo para formar governo, depois de ontem terem chegado a um entendimen­to relativo à repartição de poderes na Corporação Catalã de Meios Audiovisua­is, que controla a TV3 e a Catalunya Ràdio. Segundo os media espanhóis, o acordo global entre as duas formações deverá ser apresentad­o hoje, a tempo da sessão parlamenta­r de amanhã, e inclui Jordi Sànchez, em prisão preventiva, como presidente da Generalita­t. Mas também uma cerimónia em Bruxelas para reivindica­r a “legitimida­de” de Carles Puigdemont, possivelme­nte no domingo.

Jordi Sànchez está em prisão preventiva desde 16 de outubro, tendo renunciado ao seu cargo de presidente da Associação Nacional Catalã um mês depois, altura em que anunciou a sua candidatur­a como número dois do Junts per Catalunya, logo a seguir a Puigdemont. Está acusado dos crimes de sedição e rebelião, correndo o risco de ficar inabilitad­o de exercer cargos públicos.

A CUP avisou ontem que “ainda se está longe ou muito longe” de um acordo entre os três partidos independen­tistas e que a aprovação ou não das propostas de Junts per Catalunya e ERC será decidida pelo seu Conselho Político, marcado para sábado.

A hipótese Sànchez não foi bem recebida pelo governo de Mariano Rajoy e pelos partidos da oposição. Enric Millo, o delegado do executivo na Catalunha, lembrou que “estamos em plena aplicação do artigo 155, que terminará quando o presidente do Parlament propuser um candidato que cumpra os requisitos e possa ser eleito”. O ministro da Justiça, Rafael Catalá, defendeu ser “inimagináv­el” haver um presidente de um governo autonómico “que está fugido à justiça e fora de Espanha”, mas que também é “difícil” pensar num “que está na prisão e não pode exercer as suas funções”.

Inês Arrimadas, a líder do Ciudadanos na Catalunha, apelou ao bloco independen­tista para que escolha outro candidato. “Não quero dar por certo que Sànchez será o presidente. Os independen­tistas não têm ninguém que possa defender as suas ideias dentro da legalidade?”, questionou. “Têm 59 deputados sem problemas legais. Não sei se não gostam deles, mas parece-me um bom critério de escolha”, disse Alejandro Fernández, o porta-voz do PP catalão.

Da parte do PSC, o sentimento é de que a nomeação do ex-presidente da Assembleia Nacional Catalã “é um erro”, sendo que os socialista­s defendem que o prazo para a convocação de novas eleições deve começar a ser contado a partir do plenário marcado para amanhã. “Sempre insistimos que tem de se investir alguém que possa exercer plenamente a presidênci­a desde o primeiro momento”, explicou Eva Granados, a porta-voz do PSC.

Elisenda Alamany, porta-voz do Catalunya en Comú-Podem, adiantou que o seu grupo parlamenta­r só se pronunciar­á quando o bloco independen­tista apresentar um nome oficialmen­te. ANA MEIRELES

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