Revés para Merkel: cidades podem proibir carros a diesel
Tribunal dá razão a ambientalistas. Decisão poderá afetar milhões de pessoas com carro a gasóleo e abrir precedente em toda a UE
PATRÍCIA VIEGAS Mais de dois anos depois do escândalo do Dieselgate, que abalou fortemente a Volkswagen, a indústria automóvel alemã volta a tremer: o Supremo Tribunal Administrativo da Alemanha decidiu que as cidades alemãs podem banir a circulação de veículos a diesel, sem haver necessidade de uma lei federal. E os condutores dos automóveis banidos não terão direito a qualquer tipo de compensação. A sentença constitui ainda um revés para a chanceler Angela Merkel, contrária à ideia da proibição de circulação e muitas vezes acusada pelos ambientalistas de conluio com os fabricantes automóveis.
Na origem da decisão de ontem do tribunal estão recursos apresentados precisamente por ambientalistas, ou melhor, pela Deutsche Umwelthilfe (DUH), organização sem fins lucrativos, contra as câmaras das cidades de Estugarda e Düsseldorf, no sentido de as obrigar a melhorar a qualidade do ar e os seus planos para travar a poluição. A primeira é liderada pelos Verdes e a segunda pelo SPD. Cerca de 70 cidades alemãs acusaram níveis de óxido de azoto (NOx) superiores aos limites permitidos pelas normas da União Europeia.
“Este é um grande dia para o ar limpo na Alemanha”, disse o diretor da DUH Jürgen Resch. “É a derrota das políticas da grande coligação que alinhou ao lado da indústria automóvel”, acrescentou o responsável da organização que processou outras 20 cidades – numa altura em que Merkel se prepara para reeditar a aliança com os sociais-democratas do SPD. Segunda-feira os delegados da CDU deram luz verde a uma nova grande coligação no congresso de Berlim. No domingo é a vez de ser conhecido o veredicto dos militantes do partido de Martin Schulz, que votaram através do correio.
A Alemanha está sem um novo governo desde as eleições legislativas de 24 de setembro. Nesse mês, em plena campanha eleitoral, Merkel anunciou um fundo de mil