Diário de Notícias

A liderança e os medíocres iludidos

- ROSÁLIA AMORIM DIRETORA DO DINHEIRO VIVO

Amanhã, quinta-feira, António Horta Osório vem jantar a Lisboa. Não é mais um jantar, é sim um encontro de reflexão com antigos alunos do INSEAD, ou seja, de uma das melhores escolas de negócios do mundo, que fica situada em Fontainebl­eau, França. O banqueiro de origem portuguesa, hoje no cargo de CEO do Lloyds Bank em Londres, é um ex-aluno e traz para cima da mesa o tema, sempre atual, da liderança.

Acredito que só com uma eficaz liderança se conseguem alcançar bons resultados. Mais do que ser um chefe, importa ser um líder, que é aquele que é seguido naturalmen­te pelos outros, sem se impor, que sabe motivar e inspirar como se se tratasse apenas do ato de respirar, que usa o pulso firme quando é preciso mas também sabe usar do estilo democrátic­o e aplicar palavras de incentivo na hora certa, e que lidera realmente as pessoas ao ponto de as levar a atingir elevados padrões de comprometi­mento e desempenho organizaci­onal. E, claro, com resultados visíveis e sem a necessidad­e de se socorrer de ornamentos retóricos.

António Horta Osório tem conseguido cortar as metas predefinid­as no Lloyds – os resultados financeiro­s do Lloyds registaram uma melhoria de 41% face a 2016 – e noutros bancos por onde passou. E vem até cá partilhar o modo como lidera. Muitos ex-alunos do INSEAD irão ao jantar de quinta-feira porque o admiram, outros irão porque o invejam. Sobretudo os que não se conformam com o facto de ser o banqueiro mais bem pago da City.

Esta semana, os quatro maiores bancos ingleses apresentar­am as suas contas – que confirmara­m a recuperaçã­o do setor bancário inglês – e, além dos lucros, deram também a conhecer os salários dos seus gestores de topo. Entre os quatro grandes homens da City está o português, António Horta Osório. O salário dos quatro mais bem pagos é formado por uma base fixa e uma componente variável, que inclui bónus e prémios. No total, o banqueiro mais bem pago leva para casa cerca de 6,4 milhões de libras (7,2 milhões de euros) e é precisamen­te o português. Se é muito ou pouco, não me cabe a mim dizer e nem fazer de patrão.

Acredito na meritocrac­ia. Creio que quem faz mais e, sobretudo, quem faz melhor deve ser premiado por isso. Só com uma cultura de meritocrac­ia conseguire­mos distinguir e reter os verdadeiro­s talentos nas nossas empresas e no nosso país. De outro modo, estaremos a permitir aos medíocres que continuem a ter a ilusão de que são iguais aos melhores do mundo.

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