A União Europeia está ela própria a ver crescer a exigência de renovação, propondo medidas, na segurança, na justiça, na economia, nas relações internacionais, com a omissão de não assumir que a soma dos projetos se traduz na formação de um governo
e derivados, e até aparentemente os grandes blocos militares. Chegamos porém a uma situação, neste século cheio de riscos, em que tais instituições parecem sofrer de bloqueio, com o Conselho de Segurança impotente para colocar um ponto final no que cronistas vão chamando guerra em toda a parte, dúvidas sérias, causadas pelos EUA, sobre a defesa inadiável contra as agressões climáticas, destacando-se a debilitação do todo ocidental, não apenas pelo incerto brexit britânico, também pelas dificuldades na formação dos tratados que envolvem, designadamente, a União Europeia, o Canadá, as inspirações do presidente dos EUA, tudo afetando as esperanças nascidas do fim da Guerra Fria.
O que parece crescer, contra o otimismo do mestre Fukuyama, é que o multilateralismo não representou, como se imaginou, pela imagem que divulgavam, estarmos no “fim da história”, segundo a análise brilhante de Delphine Placidi-Frot, já neste 2018, que ao tema se dedicou no L’État du Monde deste ano, e que seguirei de perto, evidenciando que o exame de cada instituição multilateral demonstra uma eficácia variável das parcelas, mas não oculta a crise das esperanças que apoiaram as primeiras tentativas de governança do globalismo, ainda quando estas surpreenderam pela louvável ação dos responsáveis pela sua formação ou gestão.
A autora, o que consegue enumerar, num trabalho árduo, são dificuldades de ordem organizacional, o que para a Europa parece evidente, pelo que não surpreende que se multipliquem as propostas de alterações, animadas pelo espírito que orientou o chamado programa Delivery as One, da ONU em 2005, contrariado pela inércia ou rotinas que são os adversários do espírito institucional, evidenciando a necessidade de uma revisão das estruturas jurídicas, o culto do respeito pela legalidade dos procedimentos, enfrentando as questões financeiras habituais, incluindo o excesso mal justificado dos custos, sem que um poder judicial a criar possa intervir. Que seja possível ter uma sociedade global justa, quando a evolução impõe o globalismo, mas sem que as suas estruturas de governança sejam funcionais, respeitadas, eficazes, implica que a definição de soberania seja reavaliada, em termos de a igual dignidade dos povos não ser, apesar da diferença de poder, ofendida, objetivo que nem sempre existe nas propostas, e que, existindo, frequentemente é esquecido no exercício, provocando a mais inquietante das crises defensivas, que é transformar a memória do passado em projeto de futuro.
A União Europeia está ela própria a ver crescer a exigência de renovação, propondo medidas, na segurança, na justiça, na economia, nas relações internacionais, com a omissão de não assumir que a soma dos projetos se traduz na formação de um governo, o que não se vislumbra que possa abrir caminho sem clara intervenção dos Parlamentos e eleitorados estaduais, o que exige um método que elimine a criação de órgãos sem consagração legal, e sem participação dos Parlamentos dos Estados membros.