Apesar dos máximos históricos alcançados no setor, a secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo recusa deslumbrar-se com os números, lembrando novos desafios que passam pela gestão de fluxos turísticos e pela qualificação de infraestruturas e recu
Não temos turistas a mais. Temos sim o desafio de saber gerir e distribuir fluxos. E esse sim é um grande desafio
Vive-se nos Açores um momento histórico em termos de desenvolvimento turístico, cada vez mais virado para proporcionar aos visitantes experiências únicas e marcantes. No seu entender, o que exige esta “nova era”?
Sem dúvida que entramos numa nova fase e os desafios são vários porque pretendemos manter esta linha de desenvolvimento sustentável do destino e da economia. E, por isso, é também muito importante divulgar os Açores nos segmentos que se identificam com a oferta que nós temos para dar. Serão, seguramente, esses que levarão dos Açores a vontade de querer regressar. No fundo, os Açores são conhecidos por serem uma Re- gião Certificada pela Natureza, com um Turismo de Natureza Ativo com um conjunto de atividades disponíveis em terra e mar em todas as 9 ilhas, nomeadamente o pedestrianismo, cicloturismo, trail run, observação de cetáceos, mergulho, observação de aves, canyoning, surf, bodyboard, etc.
E, nesse âmbito, têm surgido inúmeras empresas de animação turística em todas as ilhas. E isso tem muitas vantagens. Desde logo as oportunidades de trabalho e de vida para muitos jovens que de outra forma não teriam perspectivas de futuro nessas ilhas. Depois, constituem uma fonte de desenvolvimento da localidade. Tudo isso reforça o optimismo do Gover- Fomos em 2017, pelo terceiro ano consecutivo, a região do país que mais cresceu no principal indicador:
as dormidas no dos Açores quanto aos benefícios que também podem advir do reconhecimento mundial da Região como destino sustentável pela GSTC. E estamos no momento chave em que temos de decidir o caminho a percorrer no nosso projeto de desenvolvimento do setor. Temos todas as condições para o fazer alicerçados no conceito de turismo sustentável: que seja gerador de empregos e riqueza, não só para o setor mas também para toda a economia da Região.
E que papel tem o mercado nacional na senda de desenvolvimento do turismo nos Açores?
É um mercado com um peso determinante na consolidação dos fluxos turísticos e não apenas pela proximidade geográfica. Tem muito a ver com a identificação com esta nova oferta e novo posicionamento do destino. É um mercado que aprecia e, cada vez mais, valoriza tudo o que temos, desde a gastroum A responsável pela pasta do turismo do Governo dos Açores é licenciada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. É membro efetivo da Ordem dos Economistas, inscrita no colégio de especialidade de Economia Política e fez parte da Direção do Núcleo da mesma nos Açores. Antes de chegar ao Governo, desempenhou funções de diretora comercial da Direção Comercial Empresas dos Açores do Banco Santander Totta, exerceu as funções de diretora do Centro de Empresas de São Miguel e da Terceira do Banif e foi analista e responsável pelo Marketing Operacional no Banco Comercial dos Açores. nomia ao património, passando ainda pela animação.
Os números que expressam os resultados no setor continuam a estar de acordo com as expetativas do Governo dos Açores?
Não nos deixamos deslumbrar pelos números mas reconhemos que são dados muito optimistas, fruto de intenso trabalho, quer em termos de políticas públicas, quer do ponto de vista do investimento do setor privado que tem feito uma aposta muito coesa e significativa em várias áreas de negócio. E a prova está à vista: ainda que sejam apenas números relativos à hotelaria tradicional, fomos em 2017, pelo terceiro ano consecutivo, a região do país que mais cresceu no principal indicador: as dormidas. Fechamos o ano com uma variação positiva de 16%, alcançando a meta de um milhão e 800 mil dormidas, número que poderá vir a crescer para mais de dois milhões quando fechados os dados relativos ao alojamento local, o que deverá acontecer já em março. E isso é algo de inédito nos Açores. E estamos satisfeitos porque esse crescimento é transversal a todas as ilhas. Para além dos resultados notáveis em São Miguel (19%), temos ainda a ilha das Flores que atingiu um incremento de 29%, São Jorge com 13% e a Terceira com 12%. Também estamos satisfeitos pelo facto da estada média estar a crescer. Estamos acima da média nacional com 2,6 noites.
E os proveitos seguem a mesma tendência?
Sim. As receitas obtidas no setor - e uma vez mais apenas na hotelaria tradicional- estão a crescer mais do que as dormidas correspondentes. E isso é claramente uma nota de que está a ser possível aumentar a rentabilidade dos nossos estabelecimentos hoteleiros.
Algumas ilhas já têm turistas a mais?
Não temos turistas a mais. Temos sim o desafio de saber gerir e distribuir fluxos. E esse sim é um grande desafio. Outro desafio é a qualificação, quer ao nível da infraestruturas, quer ao nível dos recursos humanos, ainda que este último domínio não seja um imperativo só para os Açores. Tem sido um aspeto muito debatido e sobre o qual o Governo dos Açores tem dedicado especial atenção até porque se trata de um importante fator diferenciador do destino. Aliás, faz toda a diferença num destino.