Dragão dá enorme passo rumo ao título e arruma com o leão
Nem a melhor versão nos clássicos desta época valeu ao Sporting, que vê o título mais longe. FC Porto iguala recorde de jogos sem perder
Rafael Leão marcou na primeira vez que tocou na bola e falhou perto do fim, aos 88’, aquele que poderia ter sido o golo do empate
No mais emotivo clássico da temporada até aqui, o FC Porto deu um enorme passo rumo ao título, voltando a vencer o Sporting, desta feita por 2-1, o que deixa os leões praticamente arrumados dessa luta após um jogo que, curiosamente, até terá mostrado a melhor versão da equipa de Jorge Jesus nestes duelos com o dragão. Ainda assim incapaz de levar a melhor sobre este FC Porto de combate construído por Sérgio Conceição, uma máquina ainda por derrotar a nível interno nesta época e que ontem igualou um recorde de 34 jogos sem perder em competições nacionais que vinha dos tempos de Bobby Robson e José Mourinho.
Com esta vitória, o FC Porto assegura pelo menos mais uma jornada com um mínimo de cinco pontos de vantagem sobre o segundo classificado, caso o Benfica vença hoje o Marítimo. Quanto ao Sporting, em ano de forte aposta, o desaire no Dragão assinala um adeus precoce ao título: oito pontos para recuperar, a nove jornadas do fim, não parece de todo um cenário verosímil.
O quarto clássico da época entre FC Porto e Sporting foi o mais aberto, depois de três batalhas táticas muito cerradas nos anteriores, com apenas um golo em 270 minutos. Autoria de Soares, avançado que era uma das várias ausências notáveis para o jogo de ontem.
Os desfalques num jogo de enorme importância para as contas do título abriram caminho a duas jovens estreias em clássicos do lado do FC Porto, com Gonçalo Paciência na frente de ataque e Diogo Dalot na lateral esquerda (a mais jovem estreia portista num clássico desde o bibota Fernando Gomes nos anos 1970). No Sporting, Jesus optou por entregar a Bryan Ruiz o papel criativo à frente de William e Battaglia, com Bruno Fernandes e Acuña mais descaídos nas alas e Doumbia na frente.
Voltou a entrar mais forte o FC Porto, ancorado na sua receita habitual de pressão sobre o adversário e ataques rápido e diretos, à boleia da locomotiva Marega, sempre difícil de travar. O maliano, apesar dos 20 golos na Liga, continua a não ser propriamente o mais letal dos avançados e isso poupou o Sporting a maiores punições na parte inicial (aos 12’ e aos 26’)
Entre um e outro lances do avançado portista já o Sporting tinha começado a mostrar que desta vez tinha intenções (e argumentos) de olhar para a baliza de Casillas tanto quanto o FC Porto para a de Patrício. Bruno Fernandes assumiu-se principal fonte e ameaça, com um par de remates e um passe a isolar Doumbia, mas foi, paradoxalmente, nessa altura que o FC Porto acabou por chegar à vantagem, na ressaca de um canto. Maxi e Herrera combinaram bem na direita e o centro do mexicano encontrou a cabeça de Marcano. Uma entrada de Leão Quando o azar sportinguista parecia agravar-se, pela lesão de Doumbia ainda antes do intervalo, rugiu um jovem Leão. Rafael, entrado à pressa, marcou ao primeiro remate, fazendo a bola passar por entre as pernas de Casillas e estreando-se a marcar em clássicos aos 18 anos e 8 meses.
A montanha-russa de emoções deste Sporting voltou a fazê-lo descer muito rápido, contudo. Nem cinco minutos se tinham jogado na segunda metade quando Gonçalo Paciência ganhou a linha de fundo e encontrou Brahimi na área, para um bom golo do argelino, confirmando que mesmo quando não faz o seu melhor jogo este FC Porto é um “animal” feroz.
Daí até ao fim, o Sporting e Jesus tudo tentaram para contrariar o destino. Saíram os laterais – acabaram aí Battaglia e Acuña –, entraram Rúben Ribeiro e Montero, mas quando apareceu a oportunidade de chegar ao empate, aos 88’, desta vez Rafael Leão atirou por cima, em frente à baliza. Para trás, neste filme, tinha ficado um episódio burlesco entre Coentrão e a equipa de bombeiros (ver página 48) e mais uma lesão, de Marega, que rompeu após o enésimo esforço.