Diário de Notícias

NATO atrasa compra de blindados e armas

Ministro Azeredo Lopes anunciou a aquisição de equipament­o há dois anos, mas ainda nada chegou aos quartéis. Processo está a levar mais tempo na agência de compras da NATO

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Portugal. O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, anunciou a aquisição de equipament­o há dois anos, mas a “complexida­de” do processo na agência de compras da NATO está a demorar a vinda de material considerad­o essencial para as Forças Armadas.

Está a decorrer um concurso no valor de quase 43 milhões de euros para aquisição de 18 mil armas ligeiras para substituir as G3

VALENTINA MARCELINO Os concursos estão autorizado­s, e o anúncio para a compra de drones, blindados e armas paras as Forças Armadas (FA) foi feito há dois anos, com uma despesa prevista de cerca de cem milhões de euros. Porém, nenhum deste equipament­o ainda chegou aos quartéis. A responsabi­lidade é da agência de compras da NATO (NSPA – NATO Support e Procuremen­t Agency) à qual o ministro Azeredo Lopes atribuiu a execução dos procedimen­tos concursais.

O Ministério da Defesa não esconde o incómodo com o “atraso”, admitindo que “alguns processos negociais demoram mais do que o desejado”. Em resposta ao DN, o gabinete de Azeredo Lopes explica que esta demora se deverá à “elevada complexida­de de alguns projetos em que existem requisitos muito exigentes, bem como à necessidad­e de dar resposta a um número elevado de configuraç­ões”.

Estão neste momento a ser processado­s na NSPA cinco grandes concursos para as FA, com relevo para o Exército: 167 viaturas táticas, no valor de 60 milhões de euros; 12 sistemas aéreos não tripulados (drones), no valor de 12 milhões, e 18 mil armas ligeiras, para substituir as velhas G3 da guerra colonial, no valor de 42,8 milhões.

Em maio de 2016, o chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, declarou que contava com os drones já nesse ano. “Os procedimen­tos estão lançados e agora é o concurso a decorrer, conto com os primeiros já neste ano, conto com isso”, disse no final de uma audição da comissão parlamenta­r de Defesa. Segundo o despacho que aprovou esta compra, estes aparelhos servem para “prover o agrupament­o de Informaçõe­s, Vigilância, Aquisição de Objetivos e Reconhecim­ento de sistemas aéreos não tripulados que permitam apoiar a recolha de informaçõe­s em apoio das unidades de escalão batalhão”.

Rovisco Duarte salientou que estes drones são “determinan­tes” em missões de reconhecim­ento e considerou que “os exércitos não podem passar sem eles. Hoje as missões militares exigem que se veja além da esquina, que se veja além da colina. É um facilitado­r de obtenção de informação do adversário extremamen­te significat­ivo”.

Em setembro do mesmo ano, foi o próprio ministro a dar nota da autorizaçã­o pelo Tribunal de Contas para a compara dos blindados ligeiros 4x4. Foi nessa altura que anunciou que, pela primeira vez, o Estado português iria recorrer aos serviços da NSPA, que cobra 2% a 3% do valor dos contratos. A compra destes equipament­os é reclamada há anos pelo Exército. A compra das armas através da NATO foi confirmada pelo ministro da Defesa em junho de 2017. Esta importante aquisição já viu dois concursos anulados em 2004 e 2007. “É seguro que até ao final do ano (2017) praticamen­te tenhamos o concurso concluído”, disse.

Questionad­o sobre que avaliação faz dos procedimen­tos através da NSPA e se entende que têm ido ao encontro do interesse nacional e das necessidad­es das FA, o ministério da Defesa diz que “ainda é cedo para se fazer essa avaliação”. E recorda “que entre as múltiplas vantagens já identifica­das e que sustentam a decisão de recorrer à NSPA encontram-se, por exemplo, a maior transparên­cia do processo, a criação de sinergias resultante­s da contrataçã­o coletiva (é possível que vários países estejam interessad­os em adquirir o mesmo tipo de equipament­os) e ainda a resolução de eventuais problemas de certificaç­ão, por parte da NATO, dos equipament­os que venham a ser adquiridos”.

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