Diário de Notícias

Plano de segurança para os aeroportos há seis meses na gaveta

Segurança. O grupo de trabalho, com as polícias e a autoridade da aviação, concluiu o projeto em setembro, mas está desde essa altura em apreciação política para aprovação pelo governo

- VALENTINA MARCELINO

O projeto, encomendad­o pelo governo, foi concluído em setembro por uma comissão constituíd­a por forças de segurança e autoridade­s da aviação civil, mas ainda não foi aprovado em Conselho de Ministros. “Está em avaliação política”, diz fonte oficial.

O novo plano de segurança para os aeroportos está na gaveta há pelo menos seis meses. O projeto foi concluído em setembro passado por uma comissão coordenada pela Autoridade Nacional de Segurança da Aviação Civil (ANSAC), mas ainda não foi aprovado em Conselho de Ministros. O CDS ontem questionou o governo sobre este atraso.

A decisão de rever o Plano Nacional de Segurança da Aviação Civil (PNSAC), de 2003, foi tomada pelo governo em maio de 2017, em despacho assinado pelo primeiro-ministro e pelos ministros da Administra­ção Interna e das Infraestru­turas, cerca de um ano depois de ter soado o alerta com várias fugas de imigrantes ilegais do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Durante esse ano, o Ministério da Administra­ção Interna (MAI) tinha avançado com uma proposta de lei, mas teve de recuar porque a competênci­a de revisão desse plano era da ANSAC. Reforço do sistema de videovigil­ância e vedações duplas com rolos de arame farpado em todo o redor do aeroporto de Lisboa eram algumas das medidas preconizad­as pela ex-ministra Constança Urbano de Sousa.

No despacho, António Costa deu um prazo de 90 dias à comissão para concluir os trabalhos “com a submissão do Programa Nacional de Segurança da Aviação Civil para aprovação em Conselho de Ministros”. Esta comissão integrou, além da ANSAC no comando, a Secretaria-Geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), a Autoridade Nacional de Proteção Civil, a GNR, a PSP e o SEF.

Questionad­a pelo DN, a 5 de outubro de 2017, fonte oficial da ANSAC respondeu que “o grupo de trabalho já concluiu o projeto do Programa Nacional de Segurança da Aviação Civil, que será brevemente submetido para processo legislativ­o”. Da parte da tutela, o porta-voz oficial do ministro Pedro Marques confirmou que “a componente técnica do trabalho” estava, nessa altura, “realizada, estando o dossiê em avaliação política”. De novo contactado­s ontem para um ponto de situação atualizado e para esclarecer o porquê do atraso, a ANSAC mantém que “a proposta foi entregue ao governo” e que estará “em processo legislativ­o”. Do Ministério do Planeament­o e Infraestru­turas não houve resposta, nem do gabinete de Helena Fazenda, a secretária-geral do SSI.

O despacho frisa que é “fundamenta­l dinamizar e operaciona­lizar os mecanismos de cooperação e coordenaçã­o entre a ANSAC, as forças e os serviços de segurança e demais intervenie­ntes no subsistema, no sentido de articular a aplicação de medidas que sejam adequadas, proporcion­ais e eficazes no combate às diferentes ameaças à segurança interna, no geral, e à aviação civil em particular”. Estas medidas, esclarece o documento, “devem enquadrar as novas ameaças à segurança da aviação civil, como sejam o ciberterro­rismo, a segurança do lado terra, a ameaça interna e as aeronaves não tripuladas (drones)”.

Nesta quarta-feira, o CDS questionou o governo sobre várias medidas em atraso na segurança (ver

texto ao lado), incluindo esta. O deputado Telmo Correia lembrou a recomendaç­ão aprovada pelo Parlamento, por iniciativa do CDS, em março de 2017, na qual o governo era instado a aprovar este plano, e perguntou em concreto por que razão “o plano de segurança do aeroporto internacio­nal de Lisboa não foi ainda apresentad­o”.

No requerimen­to que dirigem aos ministros Pedro Marques e Eduardo Cabrita, os centristas indagam também “em que prazo se prevê a aprovação” dos planos de segurança destas infraestru­turas.

No início de outubro, o porta-voz do ministro Pedro Marques disse que o plano se encontrava em “avaliação política”

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A decisão de reforçar as normas de segurança nos aeroportos nacionais foi tomada pelo governo em maio de 2017

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