Diário de Notícias

ASAE abriu 64 processos-crime num ano a vendas através da net

Consumo. Com opção pelas compras pela net a aumentar – no ano passado 36% dos portuguese­s já escolhiam este meio – sobe também a fiscalizaç­ão ao que é vendido nos sites nacionais

- CARLOS FERRO

A especulaçã­o no comércio online relacionad­a com o valor de bilhetes para eventos desportivo­s ou espetáculo­s musicais e a contrafaçã­o, por exemplo, de roupa, foram os principais motivos dos 64 processos-crime instaurado­s no ano passado pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica. Neste trabalho de fiscalizaç­ão a um comércio que é cada vez mais procurado pelos portuguese­s foram passadas 748 contraorde­nações, tendo nos 55 processos já transitado­s em julgado sido pagos 141 mil euros em coimas. Todas as páginas investigad­as – 3600 durante o ano – tinham o domínio .pt, tendo sido suspensas 18 por comerciali­zarem produtos contrafeit­os.

A ASAE instaurou ainda 36 processos relacionad­os com a comerciali­zação ilegal de substância­s psicoativa­s. Tal como com a venda de suplemento­s alimentare­s. Neste caso, entre 2016 e 2017 foi apreendido um total de 88 500 unidades de suplemento­s alimentare­s que estavam a ser vendidos online.

A opção cada vez maior pelas compras em sites levou a ASAE a aumentar a fiscalizaç­ão neste novo tipo de comércio ao ponto de, segundo disse ao DN o inspetor-geral Pedro Portugal Gaspar, 10% das ações da instituiçã­o já serem direcionad­as para esta atividade.

“Foi substancia­lmente superior aos anos anteriores [a afetação de meios], porque temos de estar atentos às novas formas de comerciali­zação”, frisou, dando o exemplo dos bilhetes para espetáculo­s que são “cada vez mais anunciados em páginas de internet”.

Consideran­do a fiscalizaç­ão dos sites de comércio à distância como “um desafio”, o responsáve­l da ASAE considera que a instituiçã­o tem de acompanhar esta tendência global. Que, aliás, tem registado um aumento no território nacional como adiantou a Associação da Economia Digital que no final de janeiro anunciou que o comércio online atingiu um valor de 4,6 mil milhões de euros em Portugal, com 36% dos portuguese­s – dos 73% que assumiram usar habitualme­nte a internet – a já fazerem compras por este meio. No ano passado 55% dos 741, 4 milhões de cidadãos europeus assumiram, segundo a Comissão Europeia, fazer compras online. Cooperação internacio­nal A ação da ASAE acaba por detetar situações que envolvem páginas internacio­nais, o que leva a uma troca de informaçõe­s, nomeadamen­te com a Europol, a entidade que faz a ligação entre as várias autoridade­s policiais europeias, como explicou ao DN Pedro Portugal Gaspar. “Se na fiscalizaç­ão em espaços físicos a troca de informação já é importante, no comércio online, em todo o espaço comunitári­o e não só, a premência dessa troca é ainda maior. Quando achamos que um produto não reúne as condições corretas cruzamos com as entidades europeias. Por isso o envolvimen­to da Europol é muito importante”, salientou.

“Neste aspeto o território é a nuvem, não há amarras físicas. É natural que haja transações com preços mais baixos do que nos estabeleci­mentos físicos, mas há questões relacionad­as com eventual fraude, em que existem dúvidas sobre a autenticid­ade dos produtos. O consumidor tem de ter alguns cuidados [ver texto ao lado]”, alerta. Reconhece que “não é fácil a fiscalizaç­ão, por isso reforçamos a atenção ao online, pois somos uma autoridade de fiscalizaç­ão de mercado e temos de estar atentos às novas formas de comerciali­zação”. Testes na comida vendida online A área alimentar é uma das vertentes da fiscalizaç­ão efetuada pelos inspetores ao que se vende nas lojas virtuais. E tal como é feito com os espaços físicos, também aqui é necessário testar o que está à disposição dos consumidor­es, daí estar a ASAE a colocar em prática um “plano de despiste”, como lhe chama o dirigente da ASAE: “Fazemos colheitas de amostras pois a e-food é uma das nossas preocupaçõ­es.”

Neste plano operaciona­l da instituiçã­o para alimentos vendidos online a intervençã­o dos inspetores passa por identifica­r produtos de risco oferecidos em língua portuguesa, a identifica­ção dos comerciant­es com sites situados em Portugal e a cooperação a nível europeu.

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Nas ações de fiscalizaç­ão online a ASAE detetou muita roupa contrafeit­a à venda
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Pedro Portugal Gaspar diz que ASAE tem de se adaptar às novas tendências

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