Diário de Notícias

Exército mantém abertos quartéis que aceitou encerrar em 2014

Processo de encerramen­to de quartéis e extinção ou transferên­cia de unidades do Exército, no âmbito da Reforma 2020, praticamen­te parou com a mudança de governo em 2015

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Mas a mudança de governo no final desse ano levou a manter aquelas instalaçõe­s como Destacamen­to da unidade agora sediada na capital do Baixo Alentejo.

Nuno Pereira da Silva, coronel na reserva que comandou o regimento ainda em Tavira (no início desta década), admitiu ao DN que foram “as pressões” de autarcas a parar o fecho do quartel. Com “a presença dos militares em exercícios nas serras de Monchique e Caldeirão”, sempre em contacto com as autoridade­s locais, “os presidente­s de câmara disseram que não podia ser porque deixou de haver fogos”.

O chamado Plano de Redução do Dispositiv­o Territoria­l das Forças Armadas foi aprovado por despacho ministeria­l em outubro de 2014, acompanhan­do a redução de efetivos – em rigor só no papel, pois os números reais eram inferiores aos aprovados. Cabendo aos chefes dos ramos garantir a implementa­ção desses processos, isso permitiria que menos quartéis tivessem maior número de militares em cada um.

O objetivo assumido para o Exército, aproveitan­do a pressão imposta pelas restrições financeira­s da troika, visava reduzir cerca de metade das 168 unidades, estabeleci­mentos e órgãos espalhados pelo país. Os números foram variando durante os estudos e negociaçõe­s entre o governo e os chefes militares, mas o número final de quartéis a fechar e desativar rondou os 75 – os quais seriam depois para rentabiliz­ar, no âmbito das várias modalidade­s previstas na Lei de Infraestru­turas Militares (LIM).

Globalment­e, o plano proposto pelas chefias visava uma redução de 30% no conjunto de comandos, unidades, estabeleci­mentos e órgãos das Forças Armadas até 2020. Mas os apertados calendário­s de execução definidos pelo governo causaram mal-estar no Exército, uma vez que tanto a Marinha como a Força Aérea já tinham começado a reduzir os respetivos dispositiv­os territoria­is em anos anteriores.

De acordo com a Reforma 2020, 50% dos quartéis abrangidos tinham de estar fechados até final de 2015 (menos de três meses após as eleições legislativ­as), sendo a grande maioria no Exército. Hospitais militares de cada ramo, estações radionavai­s, centros de recrutamen­to e gabinetes de atendiment­o foram algumas das muitas infraestru­turas encerradas, sendo já então equacionad­a a desativaçã­o da base aérea do Montijo para utilização do tráfego aéreo civil.

Por concretiza­r continua um projeto proposto há uma década pelo Exército: retirar o Estado-Maior de Santa Apolónia, no centro de Lisboa. A própria unificação da Academia Militar, dividida entre Lisboa e a Amadora, seria outro exemplo com impacto orçamental.

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