Diário de Notícias

Secretas ainda sem acesso aos metadados por atraso na lei

REGULAMENT­AÇÃO Desde agosto do ano passado que está por aprovar o regulament­o para acesso dos serviços de informaçõe­s aos metadados

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Aquele que foi considerad­o, por uma maioria parlamenta­r (PS, PSD e CDS), um instrument­o fundamenta­l para a segurança interna e pelo Presidente da República um regime “com relevância para a defesa do Estado de direito democrátic­o, e em particular para a proteção dos direitos fundamenta­is”, continua sem ter efeito, quase sete meses depois de ter sido aprovado na Assembleia da República.

Trata-se do diploma que permite aos serviços de informaçõe­s poderem aceder aos dados das telecomuni­cações de suspeitos (identifica­ção, morada, localizaçã­o e dados de tráfego) de terrorismo, espionagem e criminalid­ade organizada, aprovado em agosto de 2017 e que previa uma regulament­ação posterior, que ainda não foi publicada. As secretas nacionais, as únicas na Europa que não podem aceder a estas informaçõe­s, continuam sem poder utilizar este meio.

O CDS, que foi o promotor da aprovação desta medida, apresentou ontem um projeto de resolução em que recomenda ao governo que “proceda à regulament­ação urgente” desta lei orgânica. “A ameaça terrorista é uma realidade europeia que não aguarda regulament­ação de leis, sendo por isso urgente a iniciativa que propomos”, sublinham os centristas. Numa entrevista ao DN, no passado sábado, o presidente da bancada do CDS já tinha criticado o governo por este atraso, consideran­do tratar-se de “um bom exemplo do que tem sido esta legislatur­a” .

No seu entender, o facto de o PCP e o BE terem pedido, em janeiro passado, a fiscalizaç­ão da constituci­onalidade do diploma, travou o processo de regulament­ação. “Interesse nacional vs. interesse de coligação? Interesse de coligação. Não regulament­a”, assinalou.

Nesta proposta de recomendaç­ão, o CDS apela ainda ao governo que aprove os planos de segurança das infraestru­turas críticas. Há “pontos sensíveis, que sendo atacados podem compromete­r a segurança nacional”, afirmou o deputado Telmo Correia. O DN questionou o gabinete do Sistema de Segurança Interna, responsáve­l por esses planos, mas não teve resposta. V.M.

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