Rui Rio anuncia “revolução” na forma de funcionamento do partido
O líder social-democrata anunciou os novos moldes do Conselho Estratégico Nacional, que terá 16 áreas temáticas
Rui Rio, novo presidente do PSD, anunciou ontem a criação de novos moldes para o Conselho Estratégico Nacional (CEN) do partido, presidido por David Justino, que estará dividido em 16 áreas temáticas e terão porta-vozes e coordenadores nacionais.
“O Conselho Estratégico Nacional tem dois objetivos: um é o órgão que muitas vezes se designou – mas não é isso exatamente que ele é – uma espécie de gabinete-sombra ou governo-sombra. É o órgão que vai ter os porta-vozes e os coordenadores do partido para as mais diversas áreas”, explicou Rui Rio, apresentando a anteproposta definida ontem na reunião da Comissão Política Nacional e cujo regulamento será criado nos próximos 15 dias. Por outro lado, acrescentou o líder social-democrata, será este órgão que vai produzir o programa eleitoral para as legislativas de 2019.
No entanto, Rio destacou que a maior mudança será “uma revolução na forma de funcionamento de um partido político”. “O que se pretende é pôr todo um país a militar de uma forma diferente no partido. Militam da forma tradicional [concelhias, distritais], mas se quiserem e não encontrarem espaço na militância tradicional, têm uma diferente: se são profissionais de saúde ou se se interessam por saúde podem militar na secção de saúde”, exemplificou, acrescentando que esta participação estará também aberta a independentes.
As 16 secções temáticas propostas são: relações externas; assuntos europeus; reforma do Estado e descentralização; defesa nacional; finanças públicas; justiça, cidadania e igualdade; segurança interna e proteção civil; agricultura, alimentação e florestas; coesão do território, ambiente e natureza; economia, inovação e internacionalização; saúde; solidariedade e bem-estar; educação, cultura e desporto; ensino superior, ciência e tecnologia e assuntos do mar. As secções temáticas nacionais poderão ter a sua sede em diferentes cidades e ser replicadas pelas distritais que assim entenderem. Desafio às distritais Questionado sobre se esta nova forma de organização não retira poder às distritais e aos deputados, Rui Rio foi claro: “Isto é um desafio às distritais, vamos ver quais são as que têm mais dinâmica, mais presença no terreno e mais capacidade de trazer a sociedade civil para o PSD.” Ainda assim, admite que este órgão possa ser encarado como “sombra à sua atividade”.
Rui Rio defendeu que o partido “tem obrigação de ter pessoas especializadas” nas várias áreas, algo que diz não ter tido. “Recorre-se muitas vezes aos deputados, que muitas vezes não são especialistas”, disse, garantindo entretanto que “as funções dos porta-vozes parlamentares mantêm-se intactas” e que cada secção temática terá de integrar “um a dois representantes” do grupo parlamentar.
O CEN integra uma Comissão Permanente composta pelo seu presidente, David Justino, pelos coordenadores e porta-vozes das secções temáticas e uma Comissão Consultiva que integra militantes e personalidades independentes de reconhecido mérito. A Comissão Política Nacional nomeou ainda para presidente da Comissão de Relações Internacionais do PSD o professor universitário Tiago Moreira de Sá e para coordenador para o secretariado para as comunidades portuguesas o antigo deputado
Comissão Política do PSD esteve ontem reunida a definir as próximas prioridades do partido e secretário-geral adjunto Luís Geraldes. A nova forma de funcionamento do CEN fará que este passe a englobar também o Gabinete de Estudos do partido.
Entretanto, Rui Rio reúne-se hoje pela primeira vez com os deputados do PSD, num dia em que a bancada interpela o governo sobre o fraco crescimento económico. Este encontro decorre duas semanas após a eleição de Fernando Negrão para líder parlamentar e que se revelou uma espécie de protesto dos deputados, cuja maioria não votou favoravelmente o nome escolhido para substituir Hugo Soares. P. S., com LUSA