Guerra do brexit: UE rejeita plano de Theresa May
Tusk diz que acordo de comércio livre é única solução para o pós-brexit
A quase um ano da data prevista para a saída britânica da União Europeia, está em curso uma verdadeira guerra de ideias para o que deve ser a relação Reino Unido-UE pós-brexit. Com as hipóteses de um entendimento a parecerem algo reduzidas. Pelo menos para já.
No final de fevereiro, a Comissão Europeia apresentou a sua proposta e nela incluiu a ideia de manter a Irlanda do Norte no mercado único europeu mesmo que o resto do Reino Unido saia da UE. A sugestão foi mal recebida e a primeira-ministra britânica rejeitou-a. “Não queremos uma fronteira física na Irlanda do Norte. A paz é um legado que queremos preservar”, declarou Theresa May.
A líder britânica apresentou no dia 2 a sua visão sobre o que deve ser a relação Reino Unido-UE após 29 de março de 2019. A chefe do governo conservador defendeu um acordo que deve ser “desenhado segundo as necessidades” da economia britânica, sublinhando que a UE tem acordos com vários países e cada um com as suas especificidades. E que também os britânicos têm direito às suas.
Assim, na visão de May, a futura relação não se pode resumir a uma simples parceria comercial ou acordo de cooperação. Apesar de querer sair do mercado único, a líder britânica manifestou a vontade do Reino Unido em permanecer nalgumas agências europeias, como a do medicamento. E frisou ainda que depois do brexit o Tribunal Europeu de Justiça deixará de ter jurisdição no Reino Unido.
Ora ontem foi a vez de o presidente do Conselho Europeu revelar a sua proposta, que rejeita muito do que queria Theresa May. Na carta que enviou aos chefes de Estado e de governo da UE, com vista à cimeira dos dias 22 e 23, Donald Tusk estabeleceu as linhas de orientação para as negociações. Estas propõem, nomeadamente, um acordo de livre comércio “como a única solução para a saída do Reino Unido”.
O documento de seis páginas, citado pelos media europeus, propõe a eliminação de tarifas e de quotas sobre os bens, mas refere que a União Europeia deverá continuar a ter os seus direitos de pesca em águas britânicas. O mesmo diz que qualquer disputa futura deverá ser regulada pelo Tribunal Europeu de Justiça e descarta que o Reino Unido possa permanecer parte de agências europeias.