Marco Martins em destaque no festival Luso-Brasileiro
Santa Maria da Feira recebe o festival em abril e mostra nova versão de Alice
Um dos festivais portugueses com uma proposta de curadoria cinéfila mais séria está de volta. O Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, depois de um ano de hiato, está de volta. Dia 8 de abril começa a 21.ª edição de um festival onde só entra cinema brasileiro e português. A Feira recebe em novas datas (antes, o Luso-Brasileiro apostava em dezembro) um encontro competitivo de curtas, documentários e longas-metragens.
Neste ano, o prato forte em matéria de cinema português é um foco em torno do cineasta e encenador Marco Martins, precisamente numa altura em que São Jorge, o seu último filme, está em alta na temporada dos prémios portugueses (estão à porta os Globos de Ouro, os prémios SPA e os Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema). A direção do Cineclube de Santa Maria da Feira presta assim homenagem a um cineasta que tem sabido encontrar público e um respeito quase consensual da crítica nacional. O festival vai analisar e debater a obra de Martins através de visionamentos e conversas públicas no auditório da biblioteca. Segundo a organização, estarão presentes, para além do realizador, cúmplices da sua obra, entre atores e técnicos. Está ainda prevista a projeção de uma versão nunca dantes mostrada de Alice em cópia nova, o filme que lhe deu nomeada e que foi selecionado para Cannes. Marco Martins, refira-se, recentemente voltou a aventurar-se em teatro com a peça Atores, um dos grandes êxitos comerciais recentes dos palcos portugueses.
Segundo Américo Santos, o diretor do festival, a escolha de Marco Martins era já um desejo antigo deste festival: “Neste ano, assume particular importância e visibilidade, uma vez que vai permitir criar um bom contraponto com o cinema brasileiro. Mas, acima de tudo, aquilo que mais nos interessa é poder criar um espaço de reflexão e análise sobre uma obra verdadeiramente sedutora e entusiasmante, que propõe um enorme campo aberto de possibilidades de diálogo sobre questões tocantes da nossa sociedade.”
O Luso-Brasileiro costuma ser sempre um barómetro do novo cinema português e brasileiro. Por motivos de calendário, é bem possível que a aposta em longas portuguesas não seja tão forte. Esta edição 2018 deverá ter um peso mais brasileiro. Aliás, a cineasta brasileira Karen Black assume funções como programadora. “Ao nível da programação, há uma clara aposta no cinema brasileiro. De certo modo, é um regresso ao modelo inicial do festival, onde existia uma maior presença de filmes brasileiros”, esclarece Américo Santos, que também garante que o festival não vai perder a sua vertente de tertúlia entre talentos brasileiros com o público português, um dos charmes conhecidos das noites festivaleiras.