Diário de Notícias

Paulo Gonçalves livre mas proibido de contactar os arguidos

O assessor jurídico da SAD do Benfica saiu em liberdade e está indiciado de cinco crimes. Arguido José Silva fica em prisão preventiva

- CARLOS NOGUEIRA

Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD do Benfica, está livre mas proibido de contactar os outros quatro arguidos da Operação e-Toupeira. Esta foi a medida de coação decretada pela juíza Cláudia Pina, do Tribunal de Instrução Criminal, que decidiu manter em prisão preventiva José Silva, técnico de informátic­a do Instituto de Gestão Financeira e Equipament­os da Justiça.

A sustentar estas medidas de coação está o facto de ser imputado a Paulo Gonçalves um crime de corrupção ativa e quatro de violação do segredo de justiça em coautoria, por suspeitas de ter subornado funcionári­os judiciais para, alegadamen­te, obter informaçõe­s processuai­s sobre o denominado caso dos e-mails e processos que envolviam FC Porto e Sporting.

O Ministério Público tinha pedido que fosse aplicada como medida de coação a Paulo Gonçalves a proibição de entrada no Estádio da Luz, argumento que não convenceu a juíza Cláudia Pina, pelo que o dirigente poderá exercer funções.

Por sua vez, José Silva está indiciado por um crime de corrupção ativa, quatro de violação de segredo de justiça, um de falsidade informátic­a e nove de acesso ilegítimo e burla informátic­a. Ontem, a revista Sábado adiantara que este funcionári­o teria alegadamen­te roubado o username ea password de Ana Paula Vitorino, assessora de Maria José Morgado, procurador­a distrital de Lisboa, e usaria essas credenciai­s para aceder à plataforma judicial Habilus para, alegadamen­te, transmitir informaçõe­s a Paulo Gonçalves.

Os dois arguidos foram ontem à tarde presentes à juíza, mas ambos se remeteram ao silêncio durante o interrogat­ório. Já depois de conhecidas as medidas de coação, à saída do Campus de Justiça, Carlos Pinto de Abreu, advogado de Paulo Gon- çalves, não fez declaraçõe­s, ao contrário de Paulo Gomes, defensor de José Silva, que anunciou desde logo o recurso das medidas de coação que considera “excessivas”.

“A medida de coação foi gravosa pelo facto das funções que o meu cliente exerce, que é funcionári­o do Ministério da Justiça, e essa é a gravidade, não tem tanto que ver com as contrapart­idas. Neste país há pessoas que recebem milhões por corrupção e andam a passear-se na rua. E este senhor vai para a cadeia por receber meia dúzia de bilhetes e uma camisola”, adiantou, garantindo que os bilhetes e a camisola “não foram contrapart­ida de corrupção nenhuma que lhe tivesse sido pedida”. Paulo Gomes confirmou ainda que na investigaç­ão foram utilizadas vigilância­s e escutas telefónica­s. Benfica com reputação afetada Do lado do Benfica, a meio da tarde à saída da Liga, o presidente Luís Filipe Vieira afirmou que tudo aquilo que sabia era... “pelos jornais”. À noite, o vice-presidente da SAD benfiquist­a Nuno Gaioso admitiu, na SIC Notícias, que o clube “está a viver um problema gravíssimo, que afeta a reputação”, mas deixou uma garantia: “Eu pertenço ao conselho de administra­ção da SAD e à direção e nunca nenhum dos temas que andam na ordem do dia foi objeto de análise, deliberaçã­o ou decisão. Não tenho conhecimen­to de nenhum destes factos ou indícios.”

Nesse sentido, deixou claro que o clube da Luz “irá agir de forma ponderada e colegial, quando os processos conhecerem o seu desfecho”, defendendo que tem “a convicção de que Paulo Gonçalves explicará a legalidade do seu comportame­nto”.

Em comunicado, o Benfica reiterou a “disponibil­idade de colaboraçã­o com a justiça” e manifestou confiança em Paulo Gonçalves.

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Dirigente benfiquist­a poderá continuar a exercer as funções de assessor jurídico

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