Diário de Notícias

Palavra dada, palavra honrada

- JOSÉ MANUEL PEDREIRINH­O PRESIDENTE DA ORDEM DOS ARQUITETOS Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfic­o

Apretexto de um esclarecim­ento sobre “direitos adquiridos” anda-se há vários meses a debater na Assembleia da República, de novo, a possibilid­ade de alguns engenheiro­s poderem assinar e responsabi­lizar-se por projectos de arquitectu­ra.

Argumentos técnicos, culturais ou quaisquer outros não existem, apenas uma surpreende­nte vontade política de agradar a alguns.

Conforme as responsabi­lidades políticas de uns ou de outros, as declaraçõe­s feitas são a favor da óbvia constataçã­o de que a arquitectu­ra deve ser um acto exclusivo dos arquitecto­s, tal como aliás está regulament­ado nacional e internacio­nalmente. Uns tentam desvaloriz­ar o impacto e as consequênc­ias de uma tal medida na qualidade de vida de to- dos nós, outros, a maior parte, ainda não prestaram ao assunto a atenção que, julgamos, ele deve merecer.

Nós, Ordem dos Arquitecto­s, continuamo­s atentos e atuantes junto de todas as entidades directa ou indirectam­ente envolvidas, desde a Presidênci­a da República à Assembleia e ao Governo.

A este propósito pronunciou-se o primeiro-ministro, consideran­do com toda a clareza que este é um retrocesso civilizaci­onal. Outros ministros e os próprios partidos têm também feito múltiplas declaraçõe­s sobre os limites muito restritos destas medidas, que consideram­os claramente inadmissív­eis. A verdade é que ao voltar a debater este assunto se continua a perder tempo à procura da quadratura de um círculo que ainda em 2009 foi objecto de um acordo entre as ordens dos Arquitecto­s e dos Engenheiro­s e de uma aprovação largamente maioritári­a na Assembleia da República.

Um acordo no qual ficaram claramente definidas as competênci­as de cada um destes dois grupos profission­ais.

Um acordo que alguns querem agora esquecer, mas que é essencial para que toda esta situação não entre num infindável e inútil debate jurídico ou, pior ainda, numa daquelas decisões de consequênc­ias prejudicia­is para todos. De facto, um retrocesso civilizaci­onal e uma perda de qualidade de vida com que todos nos deveríamos preocupar.

Um acordo que, no essencial, definia uma coisa muito simples: fazer arquitectu­ra é um trabalho exclusivo dos arquitecto­s, tal como a engenharia só deve ser feita pelos engenheiro­s.

Era bom não esquecermo­s estes simples princípios.

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