Diário de Notícias

PSP de Lisboa tem um carro-patrulha por esquadra

No comando da capital há 53 veículos na oficina à espera de arranjo. MAI lançou concurso para aquisição de viaturas

- RUTE COELHO

O comando de Lisboa da PSP tem disponível um carro por esquadra, em média, porque algumas não contam com veículos para fazer patrulhas. A falta de automóveis na área do comando (Cometlis) – que inclui cinco divisões na capital e as de Sintra, Cascais, Oeiras, Loures e Amadora – tem-se agravado com o aumento de viaturas paradas à espera de ordem para arranjo.

No total, estão 53 carros-patrulha avariados, 23 dos veículos inoperacio­nais pertencem a uma das maiores divisões de Lisboa, a 4.ª (Alcântara), onde prestam serviço 330 agentes. Os outros 30 carros avariados são da Divisão da Amadora, zona onde se registam alguns dos maiores problemas de criminalid­ade na região da Grande Lisboa.

Perante esta questão, o Ministério da Administra­ção Interna já lançou um concurso para a aquisição de 1869 viaturas (912 para a PSP), que devem começar a ser entregues neste ano e até 2021.

Na 4.ª Divisão existem apenas quatro carros-patrulha – um por cada esquadra. Aqui, num total de 38 viaturas de serviço, só 15 estão operaciona­is. Na PSP da Amadora há seis esquadras e a média é de uma viatura para cada. Uma das esquadras tem ao serviço um carro que foi cedido pela junta de freguesia para assegurar o policiamen­to de proximidad­e, adiantou fonte policial ao DN. Na frota da Amadora restam um carro para a equipa de intervençã­o rápida, um para a brigada de acidentes, outro para a esquadra de investigaç­ão criminal e um para o supervisor operaciona­l.

Na cidade de Lisboa, por exemplo, as avarias obrigaram, em novembro, quatro esquadras da 1.ª Divisão da PSP (sede na Rua da Palma) a partilhar um carro no centro da capital. As esquadras do Rato, Rua da Palma, Baixa Pombalina e Bairro Alto estiveram quase meio ano sem veículo próprio, noticiou então o jornal online Observador. Neste momento, já têm três viaturas operaciona­is, soube o DN.

“O défice de carros-patrulha é grande em Lisboa e em todo o país. Na melhor das hipóteses, uma esquadra tem dois carros-patrulha, mas o normal é ter apenas um a circular”, confirmou ao DN Paulo Rodrigues, presidente da ASPP/PSP (Associação Sindical dos Profission­ais de Polícia). No total do Cometlis, segundo dados sindicais, haverá pouco mais de 28 carrospatr­ulha operaciona­is, o que nem o comando nem a Direção Nacional da PSP quiseram comentar. Já o Ministério da Administra­ção Interna (MAI) informou o DN de que lançou “no final do ano passado, através da ESPap – Entidade de Serviços Partilhado­s da Administra­ção Pública, um concurso público para a aquisição de 1869 viaturas para as forças e serviços de segurança”. Segundo o MAI, para a PSP irão 912 veículos e motociclos, para a GNR serão 901 carros e motos e ao Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras estão destinadas 56 viaturas. “A medida envolve um investimen­to de cerca de 50 milhões de euros (IVA incluído) e prevê a entrega das viaturas entre 2018 e 2021.” Dos 1869 carros entregues às forças de segurança, a maioria – 1258 – são para ações de patrulhame­nto.

O ministério garante que “este é o maior procedimen­to de contrataçã­o centraliza­da de veículos desde que o regime de centraliza­ção do Parque de Veículos do Estado foi implementa­do em 2008”. A distribuiç­ão territoria­l será decidida pelas respetivas forças de segurança.

Comentando esta decisão, o dirigente sindical Paulo Rodrigues lembrou ser “importante garantir que esses carros novos trazem logo um orçamento garantido para manutenção. Porque um dos principais problemas em Lisboa e no país são os carros-patrulha avariados que ficam meses parados às espera de ordem de arranjo”. Carros vão para fora da sua zona Os exemplos da difícil gestão da rotina policial feita nestas condições sucedem-se. Recentemen­te, um carro da esquadra da PSP de Rio de Mouro foi chamado a ocorrência­s criminais que estavam a acontecer em Queluz, segundo contou ao DN fonte policial. Apesar de Rio de Mouro e Queluz pertencere­m à Divisão de Sintra, distam dez quilómetro­s entre si. As mesmas fontes contam que uma viatura da Divisão de Oeiras também teve de ir tomar conta de ocorrência­s a São Marcos (Sintra), a cerca de 15 minutos de distância.

Na Divisão de Sintra, em sete esquadras apenas três têm carro-patrulha, para um efetivo de 573 elementos. A PSP de Cascais tinha no final do ano dois carros-patrulha para acudir a ocorrência­s num concelho com 206 479 habitantes. Agora, segundo soube o DN, as cinco esquadras de Cascais já têm um veículo ativo em cada uma.

“Há muitas diligência­s que já são feitas com a patrulha a pé, em vário s locais do país. Por vezes, por causa da falta de carros-patrulha, já aconteceu a polícia demorar 45 minutos a uma hora a chegar ao local”, adiantou Paulo Rodrigues. “As divisões têm de ter o número de carros mínimo para garantir que nunca se fica na situação de não ter veículos.”

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Com cada vez mais carros parados, Ministério da Administra­ção Interna abriu concurso para comprar 1869 viaturas para PSP, GNR e SEF

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