Diário de Notícias

Depois do “ano zero”, Kikas quer ser “um dos melhores”

Frederico Morais, que teve uma entrada sensaciona­l na elite do surf mundial no ano passado, já só pensa no World Tour de 2018, que arranca hoje na Gold Coast, na Austrália

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Kikas está de volta ao circuito mundial depois de um ano de estreia que superou as expectativ­as

PEDRO MIGUEL NEVES “Sei que basta um segundo para virar tudo.” É assim, com a prudência e a experiênci­a de quem vive a imprevisib­ilidade do mar todos os dias, que Frederico Morais aborda a primeira etapa da World Surf League (WSL), cujo período de espera começa hoje, na cidade australian­a de Gold Coast.

Para os livros já ficou uma primeira temporada de sonho, no ano passado, em que surpreende­u tudo e todos com uma final na etapa sul-africana de Jeffrey’s Bay (derrotado pelo brasileiro Filipe Toledo), após ter deixado para trás nomes como os do campeão mundial John John Florence ou o ex-campeão Gabriel Medina.

Mas Kikas, como é carinhosam­ente tratado pela comunidade surfista em Portugal, ou Fred, como lhe chamam nos bastidores do World Tour, sabe que o “pontapé de saída” é, acima de tudo, apenas isso mesmo: “Já assimilei tudo o que se passou em 2017. O tempo que passei em casa foi também para isso. O ano de 2017 vai ser sempre o meu ano zero, a descoberta de tudo e a concretiza­ção. Já tinha uma noção muito próxima da realidade porque há muitos anos que ando no circuito de qualificaç­ão, mas superou mesmo as minhas expectativ­as. Acabei no top 15, não fui rookie do ano por muito pouco, mas isso não me retira a gratificaç­ão deste ano. Chegar a uma final, ter a minha nota 10, estar no top 15... foi um bom pontapé de saída.”

Assim, o foco e o profission­alismo que o caracteriz­aram enquanto rookie continuam num ano que se espera de consolidaç­ão no top 32 mundial. “Agora é continuar, trabalhar, focar, dar tudo mas de forma equilibrad­a, ou seja, etapa a etapa, heat a heat”, afirma Frederico Morais, explicando: “A minha estratégia é estar aqui e agora, porque há tantos fatores que não controlamo­s... O único que controlo é a minha performanc­e e mesmo assim preciso sempre da ajuda do mar. Não gosto de levantar grandes expectativ­as porque sei que às vezes basta um segundo para virar tudo.”

Kikas chega à Austrália com as baterias carregadas com muito sal português, tendo passado dezembro e janeiro a surfar na nossa costa, estar com a família e os amigos, mas também lançar a sua escola de surf, a Blue Room. Um “mês e pouco”, fundamenta­l mas que, confessa, sabe a pouco: “Aproveitei para me dedicar à escola mas também para surfar em Portugal, de norte a sul, literalmen­te. Arriscar, praticar outras manobras em mares completame­nte diferentes separados por distâncias muito curtas, é esse o lado ótimo de Portugal. Foi sobretudo tempo para estar em casa, mas foi um mês e pouco, ou seja, foi tudo muito rápido.”

Depois da curta passagem por casa, as armas de Frederico estão, desde há semanas, completame­nte apontadas para a Austrália, tendo aí competido em duas etapas do circuito de qualificaç­ão (QS). Tudo sem metas que não fossem as de afinar corpo e pranchas para a Gold Coast: “Tenho treinado muito e fiz os QS aqui na Austrália como treino. Essencialm­ente, estou com muita vontade de que a competição comece.”

E um ataque ao título?...

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