Bronze nos Mundiais de pista coberta foi a nona medalha do campeão olímpico de 2008 em grandes competições internacionais de pista. Só três lusos atingiram fasquia da dezena
RUI FRIAS A medalha de bronze no recente Campeonato do Mundo de pista coberta deixou Nelson Évora a um pódio do... pódio dos atletas portugueses com mais medalhas internacionais conquistadas em grandes competições internacionais de pista – englobando Jogos Olímpicos, Campeonatos de Mundo e da Europa, tanto ao ar livre como em pista coberta. A de Birmingham foi a nona medalha sénior na carreira do recordista nacional do triplo salto, ficando perto de entrar para o restrito grupo de atletas portugueses que conseguiram chegar à marca das dezenas de pódios, numa lista que ainda é liderada por Fernanda Ribeiro. A campeã olímpica dos 10 000 metros em Atlanta’96 colecionou 12 medalhas nas maiores competições do atletismo, enquanto Naide Gomes e Rui Silva conquistaram dez cada.
Nesta lista dos mais medalhados portugueses de todos os tempos, Nelson Évora ganhou um novo fôlego nos últimos anos, desde 2015, depois de um longo hiato de seis anos provocado por lesões que lhe ameaçaram a carreira. E com o bronze no triplo salto dos recentes Mundiais de pista coberta, aos 33 anos, o agora pupilo do cubano Iván Pedroso igualou o meio-fundista Rui Silva num feito particular: o de atleta português com maior longevidade em pódios internacionais, onze anos depois de ter ganho a sua primeira medalha sénior com o título mundial de 2007, aos 23 anos. O mesmo período de tempo que passou entre a primeira medalha de Rui Silva (título europeu de 1500 metros em pista coberta, em 1998, com 20 anos) e a última (em 2009, com 31 anos, no seu terceiro título de campeão europeu de 1500 metros indoor).
Mais rápida foi Fernanda Ribeiro, que concentrou as suas 12 medalhas no espaço de seis anos, entre o ouro nos 3000 metros dos Europeus de pista coberta de 1994 e o bronze nos 10 000 metros dos Jogos Olímpicos de Sydney 2000. Agora dedicada à academia com o seu nome que gere no Estádio Municipal da Maia, a campeã olímpica de Atlanta’96 diz ao DN ter consciência de que se mantém como a atlepor Fernanda Ribeiro com as medalhas ganhas em Atlanta’96 ta portuguesa com mais medalhas em grandes competições, feitos que recorda naturalmente “com saudade”, mas acredita que Nelson Évora ainda pode chegar à sua marca de 12 pódios e incentiva mesmo o saltador do triplo a perseguir essa fasquia.
“O Nelson ainda está a competir e está a fazer bem o seu trajeto. É um grande atleta, passou por muitas lesões, já lhe deram a carreira terminada – como aconteceu também comigo –, mas ele conseguiu voltar ao topo. Acredito que ainda pode ir aos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio, aliás, ele já disse que esse é o objetivo, e até lá pode chegar a esse recorde”, refere Fernanda Ribeiro, que incentiva o saltador a manter a ambição que o tem alimentado. “Ainda fui colega dele na seleção. Ele sabe que lhe desejo sempre o melhor. Que bata o meu recorde seria bom sinal, os recordes são para ser batidos. Ele ou outros, mas não vejo mais ninguém com essa possibilidade.”
A ex-corredora confessa, de resto, seguir os grandes campeonatos atuais com alguma nostalgia. “É muito diferente em relação ao tempo em que eu corria. As corridas agora são muito táticas. Eu nunca deixava as corridas desenrolarem-se assim tão táticas”, nota, lamentando o empobrecimento do meio-fundo português: “Ainda agora [no Mundial de pista coberta] não tivemos ninguém a competir no meio-fundo. No meu tempo tínhamos problemas para ver quem era selecionado, agora não temos ninguém para ir lá.”