Diário de Notícias

Em 108 jogos europeus, o Maestro venceu uma Liga dos Campeões e uma Supertaça

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Não era a despedida sonhada, mas foi a despedida possível, numa altura em que o Benfica passava por um período de parco sucesso desportivo. Falamos de Rui Costa e dos palcos europeus. O Maestro, como era carinhosam­ente chamado na Luz, fez 108 partidas nas provas europeias, por três clubes: Benfica, Fiorentina e AC Milan. Acabou por vencer uma Liga dos Campeões, em Old Trafford, diante da Juventus, com a camisola dos rossoneri, e ainda uma Supertaça europeia, pelo AC Milan, curiosamen­te diante do FC Porto de José Mourinho, além do êxito internacio­nal com a seleção sub-20, no Mundial em 1991 – com a seleção A foi vice-campeão europeu em 2004.

Ainda assim a despedida foi sombria, num palco sem história e, como um mal nunca vem só, diante de uma formação sem pergaminho­s, o Getafe. “Não quero faltar ao respeito ao Getafe e ao seu estádio, mas o meu sonho era que o último jogo europeu fosse a final da Taça UEFA. Não foi possível, mas fiz mais de cem jogos nas competiçõe­s europeias”, respondeu, quando foi confrontad­o pelo DN com a simbologia do adeus no relvado do Coliseum Alfonso Pérez, situado nos arredores de Madrid.

O Getafe, que já havia vencido na Luz por 2-1 (golo de Mantorras), confirmari­a a qualificaç­ão para os quartos-de-final com mais um triufo em casa. A diferença, substancia­l diga-se, é que no primeiro encontro da eliminatór­ia foi Camacho a orientar a equipa, mas o espanhol não aguentou o empate a dois golos em casa no encontro seguinte do campeonato. Acabaria por sair e seria Fernando Chalana a assumir o comando da equipa da Luz até final da época. Já se sabia que Rui Costa iria abandonar no final da temporada e que trocaria o equipament­o pelo fato e gravata.

Aproveitan­do a conversa com os jornalista­s no final do encontro com o Getafe, o médio esclareceu algumas notícias que circulavam: “Dão a saída de Camacho como sendo da minha autoria. Foi uma decisão tomada por ele e explicou-a

Rui Costa despediu-se dos relvados pelo Benfica em 2007-08 à comunicaçã­o social. Não vejo onde estou metido. Até hoje, a única decisão que tomei na minha vida no Benfica foi o meu regresso. Não admito que ponham em causa a minha pessoa. Perguntem ao Camacho o relacionam­ento que tinha com ele.”

Rui Costa deixou ainda palavras de incentivo a Fernando Chalana: “Foi uma pessoa que se dedicou muito a este clube, tem vastos conhecimen­tos de futebol e, se a direção entender que irá continuar até ao final da época, terá todo o nosso apoio. Tudo faremos para manter o segundo lugar e chegar à final da Taça de Portugal.”

O “pequeno genial” havia de se manter ao leme até final da época, mas o Benfica acabaria em quarto lugar no campeonato – atrás de FC Porto, Sporting e V. Guimarães – e seria eliminado nas meias-finais da Taça de Portugal, diante do Sporting em Alvalade (3-5), com Rui Costa a inaugurar o marcador – para que conste, Rui Patrício nos leões e Luisão nos encarnados mantêm-se ainda hoje nos planteis de uma e outra equipas.

No final da temporada, e após uma emotiva despedida diante do Vitória de Setúbal, na Luz, na última jornada do campeonato, Rui Costa acabaria por tornar-se o novo homem-forte do futebol do seu clube do coração e a verdade é que chegou a pensar no nome de Michael Laudrup, o treinador do Getafe responsáve­l por tão amarga despedida europeia.

O dinamarquê­s foi resistindo numa lista restrita que tinha ainda o espanhol Quique Flores. Antes, já Rui Costa, em plenas funções de diretor, havia ido a Inglaterra com Luís Filipe Vieira para tentar convencer Carlos Queiroz e Sven-Göran Eriksson, mas nem um nem outro conseguira­m responder afirmativa­mente ao convite de Rui Costa.

Seria Quique Flores o escolhido, mas a aposta do Maestro não foi bem-sucedida. O espanhol durou uma temporada, sem honra nem glória, seguindo-se Jorge Jesus com os resultados que se conhecem.

Para a história registe-se que a primeira contrataçã­o com a sua chancela foi a do agora belenense Yebda, mas nas suas escolhas não se pode esquecer a de Pablo Aimar, a quem Rui Costa cedeu a “sua” camisola 10. Depois, na época 20092010, passaria para um registo mais discreto, que ainda hoje mantém na condição de administra­dor da SAD do Benfica.

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