Bannon defende racismo e xenofobia no congresso da FN
Antigo chefe da estratégia da Casa Branca criticou os e garantiu que a vitória é possível, pois a “história está do nosso lado”
2008 no governo basco presidido por Juan José Ibarretxe. Azkarraga é um dos principais defensores da aproximação dos quase 300 presos que se encontram em 70 prisões de Espanha e França, após 29 anos de uma política de afastamento. “Os presos já pediram perdão pelos atos cometidos, a ETA deixou a violência e entregaram as armas. Mas existe para eles uma legislação excecional cuja aplicação afeta a vulnerabilidade dos direitos dos presos”, afirma o ex-deputado basco. E lembra que 50% dos presos poderiam estar já em liberdade. Queixa-se das longas viagens que as famílias dos etarras devem fazer cada fim de semana, nomeadamente das crianças que têm o pai e/ou a mãe numa prisão. Mas não fala dos miúdos que nunca mais voltaram a ver o pai ou a mãe porque foram assassinados pela ETA. Ambas as plataformas se queixam da dureza do atual governo porque “cada vez faz mais exigências sem qualquer suporte legal. É uma política mais dura que a de [ José María] Aznar”. Azkarraga considera que não existiu um processo de paz normal e “continua a ser o único problema de violência política não resolvido na Europa”. Por isso, pensa que é o momento de criar limites, de “pôr fim a uma política penitenciária vingativa”.
O ex-deputado basco acredita que o governo está a ter “uma atitude muito comodista” e que existe pouco interesse em resolver temas como os casos de tortura produzidos. Tanto a plataforma Sare como o Foro Social Permanente insistem na necessidade de dar apoio às vítimas do terrorismo. “As vítimas querem saber a verdade e têm direito a uma reparação. Mas não ouvi vítima nenhuma pedir que os presos estejam afastados das suas famílias. Isso não as ajuda em nada.” E lembra também que é preciso resolver ainda os casos pendentes porque “muitos dos 120 fugitivos querem voltar e não sabem como está a sua situação”.
No atual quadro político espanhol, com o problema catalão sem solução à vista, tem-se comparado a evolução do País Basco e da Catalunha na sua luta pela independência. O Foro Social Permanente prefere não entrar neste debate enquanto Azkarraga se limita a comparar os presos. Os da ETA, sem liberdade por cometer assassínios, mas os políticos catalães “por reivindicar de forma pacífica os seus direitos”. E garante que no caso destes, “as medidas tomadas são excessivas”. E ainda existe o sonho da independência basca? “Continua a existir essa reivindicação, mas o debate está parado e na anterior legislatura o debate de autogoverno não arrancou. Nesta, o debate será político.”
FRANÇA “Vocês são parte de um movimento que é maior do que a Itália, maior do que a Polónia, maior do que a Hungria”, declarou Steve Bannon, ex-chefe de estratégia da Casa Branca, que falou ontem no XVI Congresso da Frente Nacional (FN), a decorrer em Lille.
Para o antigo diretor do site noticioso Breitbart News, de extrema-direita, a “história está do nosso lado e vai levar-nos de vitória em vitória”, assegurou Bannon, que realiza atualmente uma viagem por vários países europeus com a intenção de criar um novo movimento de caráter global de direita dura.
Na sua intervenção, o antigo diretor da campanha presidencial de Donald Trump, largamente aplaudida, chegou a afirmar que “não se importem que vos chamem racistas, xenófobos ou nativistas. Vejam isso como uma distinção honrosa. A cada dia que passa, nós ficamos mais fortes e eles mais fracos”. Para Bannon, que fez a sua intervenção em inglês, o que deu origem a alguns lapsos da parte da tradutora, “os media do establishment são os cães do sistema”; por isso, são necessárias publicações alternativas como o Breitbart News ou a rede internacional que ele tenciona criar. A presença de Bannon no congresso da FN foi justificada por um dirigente do partido como a oportunidade de conhecer a “receita para a vitória” que levou Trump à Casa Branca.
No final, foi cumprimentado por Marine Le Pen, que anuncia hoje no congresso, classificado como “de refundação”, a nova designação do partido, mudança que visa concluir o processo de “desdiabolização” iniciado desde que Marine assumiu a liderança da FN em 2011, sucedendo a seu pai, Jean-Marie Le Pen.
De acordo com informação veiculada pela FN, 52% dos militantes votaram a favor da mudança, que tem sido criticada por Jean-Marie Le Pen e por um importante ex-dirigente do partido, Florian Philippot, que deixou a frente para fundar outro movimento político. Para Jean-Marie Le Pen, mudar o nome da FN é um “suicídio político”, disse na sexta-feira, dia em que se iniciou o congresso e em que ele apresentou o primeiro volume das suas memórias, Fils de la Nation. A.C.M.