Conselheiro Mendes garante recandidatura de Marcelo em 2021
Seja com maioria absoluta do PS ou sem ela, o Presidente terá um papel de equilíbrio do sistema político, afirma conselheiro de Estado
Marques Mendes manifestou-se ontem convicto de que Marcelo Rebelo de Sousa irá recandidatar-se a um segundo mandato.
O conselheiro de Estado, no seu habitual comentário na SIC, considerou que o Presidente da República avançará para mais cinco anos em Belém em qualquer dos cenários políticos mais prováveis que resultarão das eleições legislativas de 2019.
Se houver maioria absoluta do PS, que segundo Mendes não é a situação que o Presidente mais apreciará, Marcelo avançará porque tem uma tarefa essencial a cumprir: “Fazer o reequilíbrio político.” Isto porque o PSD, neste cenário, sairá fragilizado. Se não houver maioria absoluta dos socialistas, afirmou o comentador político, a reeleição do Presidente é necessária “enquanto fator de estabilidade e de normalidade política”.
O Presidente da República tem mantido o tabu se tenciona ou não concorrer pela segunda vez a Belém. Ainda na sexta-feira passada, dia em que celebrou o segundo aniversário na Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa remeteu essa decisão para o verão 2020.
Sobre os próximos desafios do Presidente – que ontem andou por Oliveira do Hospital, de visita à Feira do Queijo (ver foto em cima) –, Marques Mendes elencou cinco: a Europa, sobretudo a negociação dos fundos estruturais; o crescimento económico; os incêndios florestais, que se tudo correr bem mostrará que valeu a pena Marcelo ter sido exigente com o governo; o Orçamento do Estado para 2019; e a escolha do novo rosto para a Procuradoria-Geral da República, depois de o governo ter dado nota de que não quer a continuidade de Joana Marques Vidal.
Marcelo na Grécia
Entretanto, o Presidente da República começa hoje uma visita de Estado à Grécia, a primeira de um Presidente português desde Jorge Sampaio, que visitou a República Helénica em 2002. Marcelo Rebelo de Sousa terá os habituais encontros com o homólogo grego, Prokopios Pavlopoulos, com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e com o presidente do Parlamento helénico, Nikos Voutsis, mas, nesta visita, além do reforço dos “sólidos laços de amizade e cooperação”, Marcelo não irá esquecer aquele que foi, durante largos meses, um dos assuntos no topo da agenda europeia: a crise migratória.
Na quarta-feira, último dia de visita, o Chefe do Estado português começa o dia com um encontro com a coordenadora do campo de refugiados da Organização Internacional para as Migrações, em Tebas, um centro com capacidade para cerca de 700 refugiados e migrantes que ocupa hoje as instalações de uma antiga fábrica do setor têxtil. Marcelo visita ainda, em Atenas, o Serviço Jesuíta aos Refugiados, um centro de apoio social que tem como missão “acompanhar, servir e defender” os refugiados. Aqui, adianta Belém, Marcelo encontra-se com “um grupo de voluntários portugueses que tem vindo a desenvolver diversas atividades”. A propósito da crise de migrantes e refugiados, o Chefe do Estado português chega à Grécia pouco mais de uma semana depois de o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ter promovido uma remodelação no governo, fazendo sair, entre outros, o responsável pela gestão da crise migratória de 2015, Yannis Mouzalas.