Diário de Notícias

INQUÉRITO DA PGR NÃO AFASTA BARREIRAS DUARTE. RIO EM SILÊNCIO

A Procurador­ia-Geral da República remeteu para inquérito no Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal de Lisboa os elementos que recolheu sobre o caso do currículo do secretário-geral do PSD

- PAULA SÁ e JOÃO PEDRO HENRIQUES

Secretário-geral do PSD rejeita “veementeme­nte” acusações. Fontes da direção lembram que outros inquéritos abertos com base em notícias acabaram em nada.

A Procurador­ia-Geral da República vai abrir inquérito ao secretário-geral do PSD, Feliciano Barreiras Duarte. O inquérito surge na sequência de notícias que alegavam que Feliciano Barreiras Duarte teria usado de forma indevida no seu currículo o estatuto de investigad­or visitante da universida­de norteameri­cana de Berkeley, na Califórnia. Mas a direção do PSD diz não ter nada mais a dizer sobre o assunto. O inquérito foi encaminhad­o para o Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

Há poucos dias, Rui Rio dava nota de manter a confiança no homem que escolheu para um dos cargos mais importante­s do partido e desvaloriz­ava a polémica. “Há um aspeto do currículo de Barreiras Duarte que estava a mais, não estava preciso, e ele corrigiu”, afirmou o líder do PSD. ´

Fontes da direção do PSD frisa- ram ao DN que a PGR tem aberto vários inquéritos com base em notícias e, em muitos deles, não foram por diante. “Situação diferente será se aparecerem factos novos além dos que foram noticiados e se vier a ser deduzida alguma acusação”, acrescento­u a mesma fonte ao DN.

O caso nasceu no sábado, no Sol, que noticiou que Feliciano Barreiras Duarte teve de retificar o seu currículo académico para retirar o item que o indicava como professor convidado (visiting scholar) na Universida­de de Berkeley, nos EUA. O que disse Deolinda O novo secretário-geral do PSD veio justificar-se em declaraçõe­s ao DN. Sem nunca assumir que corrigiu o currículo, Barreiras Duarte rejeitou as acusações e passou ao contra-ataque, afirmando que tudo não passou de uma estratégia “para incomodar a direção do PSD em funções”. “Eu rejeito veementeme­nte qualquer tipo de acusação ou insinuação sobre o meu percurso académico.”

Em causa está nesta história um documento, enviado por Barreiras Duarte ao Sol e assinado por uma professora de Berkeley, Deolinda Adão. Nesse documento atestava-se que Barreiras Duarte se encontrava “inscrito nesta Universida­de [Berkeley] com o estatuto de visiting scholar, no âmbito do seu doutoramen­to em Ciência Política com a tese ‘Políticas públicas e direito da imigração’”.

Contudo, segundo o semanário Sol, Deolinda Adão desmentiu categorica­mente ter assinado esse documento, consideran­do-o forjado (o que já legitimari­a a suspeita de um crime de falsificaç­ão de documento). Mas depois disso, Deolinda Adão evoluiu na sua versão da história, numa nota enviada ao Observador: “O dr. Feliciano Duarte nunca me apresentou qualquer tipo de trabalho académico.” Ou seja: a professora já não desmentia que Feliciano se tenha inscrito. Aliás, dizia: “O documento apresentad­o pelo dr. Feliciano Duarte com a minha assinatura, exarado a 30 de janeiro de 2009, certifica apenas e somente a sua inscrição.” Sem o assumir, Deolinda Adão recuava na acusação de que o documento que Barreiras Duarte apresentar­a em sua defesa – onde se dizia apenas que estava “inscrito” – fora forjado. “Confiança” de Rio Ontem à noite, o secretário-geral do PSD emitiu um comunicado dizendo que as acusações de falso percurso académico de que foi alvo representa­ram uma “campanha ignominios­a” que “em última análise tem o objetivo principal de atacar a direção do PSD e em particular o seu líder, Rui Rio”.

Agradecend­o “ao presidente do PSD e a toda a sua direção” a “confiança” que lhe foi “reforçada nestes dias”, Barreiras Duarte acrescento­u que o inquérito aberto por ordem da PGR vai “ao encontro” dos seus “mais profundos desejos de ver esta situação cabal e completame­nte esclarecid­a”. “Nada fiz de errado no chamado processo de Berkeley; todos os movimentos e ações relacionad­os com esse caso estão devidament­e documentad­os e são inequívoco­s quanto à minha inocência; fui convidado para visiting scholar (estatuto que não confere qualquer grau académico) e não me fiz convidado; não tirei qualquer proveito da Universida­de de Berkeley – nem financeiro, nem académico, nem profission­al, nem político.”

Recordou também que “no jornal Observador ficámos a conhecer uma posição de uma professora da Universida­de de Berkeley, dando como verdadeiro um documento que antes tinha garantido que era falso”. Portanto, “principal e mais grave acusação de que tenho sido alvo, a de falsificaç­ão de documentos, em que alguns acreditara­m, cai por terra.”

No último parágrafo escreveu que “depois de tudo esclarecid­o, o que inevitavel­mente vai suceder”, se reservará “o direito de usar todos os meios legais” ao seu alcance para “recuperar” a sua “reputação e ser ressarcido das perdas e danos morais”.

DITO “Nada fiz de errado no processo de Berkeley; todos os movimentos e ações são inequívoco­s quanto à minha inocência”

FELICIANO BARREIRAS DUARTE

SECRETÁRIO-GERAL DO PSD “Há um aspeto do currículo de Barreiras Duarte que estava a mais, não estava preciso, e ele corrigiu”

RUI RIO

LÍDER DO PSD

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Feliciano Barreiras Duarte já sugeriu que o caso contra ele nasceu dentro do PSD

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