“Ministros dizem que não aceitam tarifas de Trump”
Comissário Moscovici diz que há unanimidade para uma guerra comercial com os EUA
Há “unanimidade” dentro do Ecofin, o Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia, para avançar com uma resposta dura aos EUA e embarcar numa guerra comercial com o país presidido por Donald Trump, revelou Pierre Moscovici, o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Aduaneiros. Numa sessão com jornalistas, esta terça-feira, o alto dirigente da Comissão Europeia (CE) revelou que, “no Ecofin desta manhã, ficou muito claro que houve unanimidade entre os ministros que disseram: não podemos aceitar essas tarifas”anunciadas por Trump. Se a Europa avançar com uma resposta deste calibre, Moscovici calcula que podem ficar em xeque mais de 2,8 mil milhões de euros em mercadorias com origem nos EUA.
Na semana passada, segundo escreveu a Lusa, Trump assinou a documentação necessária para a entrada em vigor, dentro de dias, de tarifas alfandegárias de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as de alumínio. A Europa é visada, mas outros territórios como o Brasil e a Austrália também, pelo que a UE está a tentar articular uma resposta conjunta com outros territórios alvo deste ataque comercial. Aos jornalistas, na capital belga, Moscovici disse que “primeiro, Bruxelas lamenta as medidas avançadas pelos EUA e, segundo, Bruxelas está a preparar medidas de resposta e de salvaguarda necessárias”. Estão ainda a ter “discussões dentro da Organização Mundial do Comércio e, portanto, estamos a forjar oposições”, acrescentou. A ideia é que “devemos preparar uma resposta firme, proporcionada e unida”, muito embora o comissário lamente esta via. “Uma guerra comercial é uma coisa má, que ninguém ganha, todos perdem. Ainda estamos em diálogo porque é melhor que não haja uma escalada, precisamos de encontrar soluções. Mas até agora não foi possível e temos de levar isto a sério”, admitiu perante os jornalistas.
“Se não conseguirmos pela via do diálogo”, a Europa deve avançar com tarifas elevadas sobre alguns produtos norte-americanos. O presidente da CE, há uns dias, deu exemplos de importações que podem vir a ser penalizadas: motas “Harley-Davidson, bourbon, jeans Levi’s”, referiu Jean-Claude Juncker. “Há uma lista de produtos em que pode haver recuo nas facilidades dadas no passado aos EUA”, acenou de novo Moscovici, já depois do conselho Ecofin. A ideia agora é, esgotada a via do diálogo, concretizar a penalização das compras de certas mercadorias dos EUA dentro de três meses. O jornalista viajou a convite da Comissão Europeia