Andreu Van den Eynde “A incerteza na Catalunha prejudica Oriol Junqueras”
todas as resoluções do Supremo Tribunal coincidem na existência de um motivo ideológico, isto é, os quatro que estão presos são símbolos do independentismo em diferentes aspetos, e até que haja governo na Catalunha dá a sensação de que vai ser muito difícil que os libertem. Daí que muitos falem em reféns. Acha que se houvesse um governo Junqueras já podia estar em liberdade? as decisões dos juízes e normalmente acerta. Há uma filtração constante de informação que evidentemente vai contra a presunção de inocência. O que toda a gente diz é que o juiz quer acelerar o procedimento, que num mês, um mês e meio vai fixar a acusação. E isso significa que depois do verão pode haver julgamento e sentença em novembro ou dezembro. Depois restará apenas ir ao Tribunal Constitucional e seguir para Estrasburgo [Tribunal Europeu de Direitos Humanos]. Dá a sensação de que querem ir muito depressa. Estamos a ver muitas irregularidades na tramitação dos processos judiciais, a todos os níveis, e a nossa esperança são as instâncias internacionais, porque não temos muita confiança na justiça espanhola. perar o governo, em vez de ir rapidamente pela via da independência. Não há arrependimentos, mas ao mesmo tempo quer-se avançar com outra fórmula, que é manter a via pacífica, como sempre se fez, mas agora ampliar a base, o apoio social, fazê-lo através de um processo com mais consenso. Que implicação tem o facto de Junqueras estar detido a dizer uma coisa e Puigdemont, em liberdade no autoexílio em Bruxelas, dizer outra? Só posso falar do ponto de vista jurídico, não político. Do ponto de vista jurídico são duas estratégicas que são muito distintas, mas que podem tornar-se complementares. Toda a gente tem direito a defender-se da forma que quer. Junqueras decidiu que queria assumir a sua defesa em Espanha, e por isso está preso. Já Puigdemont decidiu que queria defender-se através de outra estratégia, que era gerar um conflito jurídico, que também é muito interessante, que é exportar o debate para fora de Espanha. Para mim, as duas fórmulas são complementares. O que acontece é que, politicamente, seguem duas rotas um pouco diferentes. Um quer preservar a ideia da República, enquanto os que estão em Espanha querem recuperar o governo. Mas isso é política. Mas prejudica a defesa de Junqueras o facto de Puigdemont estar fora? Eu acho que não. Não vejo conflito. E como está Junqueras em Estremera? Está bem. A única debilidade que tem é a família. Para ele é muito duro porque tem dois filhos pequenos e uma mulher que estão a ter dificuldades. Ele só tem direito a estar com os filhos quatro horas a cada trimestre. Mas fora isso é uma pessoa muito forte, sabe o que se passa em qualquer local da Catalunha melhor do que eu. É um animal político, está a par de tudo, estuda, escreve artigos... é uma pessoa muito forte e está a aguentar bem. E a possibilidade de ir para uma prisão na Catalunha? Negaram esse pedido, porque dizem que se os nossos clientes vão para a Catalunha poderiam ter apoio, manifestações... E como são as condições na prisão? É complicado falar porque Junqueras não se quer queixar. Ele sempre me disse que é capaz de lidar com a situação. É público que as transferências para a prisão foram degradantes, é público que não tem aquecimento e no inverno tiveram de dormir vestidos. É público que o outro conseller, Joaquim Forn, teve tuberculose. É público que Junqueras falou por telefone com um meio de comunicação e esteve dez dias encerrado na cela, sem possibilidade de sair. As condições não são boas, mas Junqueras não gosta de se queixar e a mim disse-me que não quer que se apresentem queixas porque são as condições que têm todos os detidos, não é contra ele. Ele aguenta e não quer parecer picuinhas, enquanto as condições forem iguais a todos os internos ele diz que aguenta.