“É difícil fazer um filme de terror sem um toque de comédia”
FESTIVAL O realizador e produtor Jason Blum explicou no South by Southwest o que distingue os filmes de terror que se tornam ícones
Apesar de críticas extraordinárias, o filme de terror Hush, realizado por Mike Flanagan e produzido por Jason Blum, não conseguiu distribuição em massa nos cinemas. Foi um dos problemas que a explosão de conteúdos trouxe: a distribuição está demasiado afunilada e há tanta produção que é difícil encontrar uma boa plataforma. “Há limites para o que se consegue controlar”, admitiu Jason Blum, o produtor e realizador que criou a Blumhouse Productions e é responsável por títulos tão populares como Atividade Paranormal,
The Purge, Insidious ou Foge, que ganhou um Óscar para Melhor Argumento Original. Mesmo com todos os sucessos, Blum não conseguiu pôr Hush no circuito de distribuição de cinema e vendeu-o ao Netflix.
O mestre do terror falava no festival South by Southwest, em Austin, sobre a nova geração de temas e criadores neste género. “É muito difícil fazer um filme de terror sem um toque de comédia”, considerou. “O que os bons filmes têm em comum é que são inovadores”, disse, referindo-se a títulos como Atividade Paranormal, A Visita, Insidious ou Blair Witch. “Os filmes que se tornam cânones instantâneos, como o Foge, não se parecem com nada do que veio antes. É o que os torna intemporais, mesmo que não sejam valorizados na altura em que saem.”
No entanto, há um fenómeno de recalibração dos clássicos, ressalvou LeighWhannell, que escreveu os filmes Saw e Insidious e participou no painel (onde também falaram Stephen Susco, responsável pelo novo Unfriended: Dark Web e Vera Miao, atriz e realizadora independente). Whannell estreou no SXSW o título futurista Upgrade, também da Blumhouse Productions, e refletiu sobre a forma como a nova geração encara os filmes canónicos do passado.“Quando O Exorcista foi relançado em 1998, havia grupos de adolescentes a rir à gargalhada no cinema”, contou. “Eles acham The Shinning aborrecido.”
É um reflexo da evolução tecnológica, o que também faz que surjam novos formatos narrativos. “Antes tínhamos de poupar milhares para comprar material, hoje dá para fazer um filme com o iPhone”, sublinhou o realizador australiano.