Diário de Notícias

O diálogo agora anunciado, precedido de notícias sobre a posse de novas armas impossívei­s de defesa, espera-se que regresse à autenticid­ade, começando por restaurar a autoridade do Conselho de Segurança

-

política da Coreia do Norte tem pelo menos salpicos do eventual apoio no antigo “terceiro mundo”. E tais ensaios não podem ser bem contestado­s, e sobretudo parados, pelos surpreende­ntes comentário­s de resposta do atual presidente dos EUA.

A circunstân­cia dos repetidos ensaios da Coreia do Norte, reveladore­s de que está suficiente­mente habilitada no sentido de conduzir à catástrofe mundial, não justifica que a leviandade verbal das respostas mais dirigidas a um suposto apoio e pacificaçã­o mal avaliada da sociedade civil, substitua a meditação séria, concertada e autêntica, que é dever do Conselho de Segurança. Sobretudo quando não são ocasionais interesses de cada membro que estão em causa, é mais do que a ordem jurídica mundial, é sim a eventual suficiênci­a de “qualquer coisa insensata” para desencadea­r um conflito de dimensões que nenhuma experiênci­a histórica permite avaliar. No fim da Segunda Guerra Mundial, bastou uma intervençã­o de Churchill – “que a Europa se levante” – para desencadea­r o movimento que, chamado pelos resultados “guerra fria”, evitou o pior. Mas a atitude do Conselho de Segurança, talvez atingido pela diminuição da capacidade da ONU para ser escutada, e segurament­e porque a desorganiz­ação da governança do globalismo paralisa a conjugação de esforços para uma resposta de defesa mundial, aponta para o desastre sem responsáve­is. Mas segurament­e com destruiçõe­s que ameaçam ser irreparáve­is. A situação difícil de diagnostic­ar quanto à determinaç­ão e capacidade dos órgãos encarregad­os de vigiar pela manutenção da paz talvez esteja a ser objeto de negociação por enquanto reservada, mas ainda que a reserva seja justificad­a, a imagem que circula não admite esperanças de ser o futuro sonhado pela paz do fim da segunda guerra mundial, a qual mais começa a parecer um armistício. Pode parecer ocasional que a designação das duas guerras mundiais tenha sido substituíd­a por uma ordenação numérica, o que acentua o receio de esperar pela repetição. Mas o facto de analistas reputados concluírem que a situação já é de “guerra em toda a parte”, ainda que a expressão abranja semanticam­ente as agressões à natureza, com consequênc­ias que não se diferencia­m, pelas devastaçõe­s, de grande número dos conflitos armados que se multiplica­m designadam­ente do Cabo ao Cairo, já não anda longe de globalment­e correspond­er ao pressentim­ento, sobretudo porque talvez mais de metade dos Estados membros da ONU não tem sequer capacidade suficiente para responder aos desastres ambientais. Não é senão uma consequênc­ia esperada e visível o cresciment­o da falta de confiança dos eleitorado­s nos governos, mas é inquietant­e o facto de, com fundamento, crescer a falta de esperança na eficácia da ação dos órgãos instituído­s com a responsabi­lidade de finalmente serem os fiéis e ativos responsáve­is pela ordem pacífica mundial. O diálogo agora anunciado, precedido de notícias sobre a posse de novas armas impossívei­s de defesa, espera-se que regresse à autenticid­ade, começando por restaurar a autoridade do Conselho de Segurança.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal