Grande Lisboa tem 44 mil prédios degradados
ESPECIAL PÁGS. 30 E 31
A grande Lisboa tem 44 mil edifícios degradados, dez mil dos quais na cidade. E o panorama nacional é ainda mais problemático com cerca de um milhão de imóveis a necessitar de obras de remodelação. “O investimento público não é, por si só, suficiente para gerar o volume de financiamento necessário para acudir a estas necessidades”, disse Dina Ferreira, vogal da comissão executiva do Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas (IFRRU 2020).
A responsável, que falava na terça-feira no segundo debate da série Reabilitar para Revitalizar IFRRU 2020 – do Santander Totta em parceria com o Global Media Group –, explicou o mérito do IFRRU por “ter conseguido alavancar em 14 vezes a dotação inicial de 100 milhões de euros do Portugal 2020”, ao conjugar investimento público e privado.
Ou seja, a linha de financiamento disponibiliza um total de 1,4 mil milhões de euros, depois da associação do Banco Europeu de Investimento e da banca nacional, com especial destaque para o Santander Totta, que “é responsável por mais de metade da linha, no valor de 713 milhões de euros”, como destacou o seu administrador Pedro Castro e Almeida.
No debate dedicado e realizado em Lisboa, Dina Ferreira revelou que desde a abertura das candidaturas, a 30 de outubro, há a registar 43 pedidos de financiamento associados a um investimento de 128 milhões de euros. Se olharmos para as intenções de investimento, essas já somam 373 e superam mesmo os mil milhões de euros de investimento, quase esgotando o plafond. A capital portuguesa está “a reagir muito bem a esta iniciativa”, registando uma dezena de candidaturas formalizadas.
Uma das razões deste dinamismo reside no facto de não ser necessário constituir uma empresa para a candidatura. “Os particulares com projetos para edifícios em copropriedade podem habilitarse”, explicou a responsável do IFRRU. Outra razão é a novidade de este instrumento financeiro abranger o investimento para habitação, o que não acontecia em programas A linha de financiamento do IFRRU tem 1,4 mil milhões de euros para apoiar projetos de reabilitação urbana em imóveis com 30 ou mais anos.
milhões de euros As candidaturas já registadas representam um investimento de 128 milhões de euros. As intenções de investimento somam mil milhões. Mais de metade dos projetos de reabilitação ao abrigo do IFRRU provêm do setor do turismo, que continua a liderar a dinâmica da reabilitação. congéneres anteriores. Em causa está um instrumento destinado a financiar a reabilitação de imóveis com 30 ou mais anos, que oferece taxas de juro 50% inferiores. Até ao momento e, tal como já se antevia, existe uma preponderância do setor do turismo nos projetos apresentados.
“O setor tem contribuído de forma decisiva para mudar a face de Lisboa e animar zonas que estavam mortas em termos sociais e económicos”, sublinhou o presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa. Vítor Costa lança, no entanto, um aviso à navegação: “Temos de olhar Lisboa a uma escala maior, que não é só o centro histórico, mas também a área metropolitana.”
Apostado em convencer investidores a reabilitarem também outras zonas da cidade, aquele responsável considera que “se calhar um instrumento como o IFRRU já não faz tanta falta no centro histórico, cuja dinâmica assegura por si viabilidade financeira ao investimento, e teria melhor utilidade noutras zonas”.
A mesma posição foi partilhada pelo presidente da Associação para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património, Daniel Miranda, para quem “há outros territórios que estão a precisar mais do que os centros históricos, mesmo no concelho de Lisboa” .
Pelo contrário, Dina Ferreira considera que “o apoio à reabilitação nos centros históricos continua a ser necessário porque permite alavancar mais investimento do que se não existisse”.
O impacto do turismo na trans-